Mas livrai-nos do Mal
“A última petição do Pai Nosso retoma a penúltima ( Não nos deixeis cair em tentação) e vira-a do lado positivo; por isso as duas petições estão intimamente ligadas.”
“João caracterizou a “besta” que viu subir do mar, dos abismos obscuros do mal, com os atributos do poder político romano, dando assim uma forma muito concreta à ameaça que os cristãos do seu tempo viam pesar sobre eles: o direito total sobre a pessoa que era reivindicado através do culto do imperador, elevando assim o poder político, militar e económico ao máximo grau da omnipotência exclusiva, à expressão do mal que ameaça devorar-nos.
Junta-se a isto a desagregação dos ordenamentos morais através de uma forma cínica de cepticismo e de iluminismo. Sob esta ameaça, o Senhor como a única força capaz de o salvar: livrai-nos do Mal!
Embora o império romano e as suas ideologias já não existam, quão actual é ainda tudo isto! Também hoje existem, por um lado, as forças do mercado, do tráfico de armas, de drogas e de seres humanos; forças que gravam sobre o mundo e arrastam a humanidade para prisões de onde não se pode escapar. Por outro lado, temos hoje a ideologia do sucesso, do bem-estar, que nos diz: Deus não passa de uma ficção, só nos faz perder tempo e tirar-nos a alegria de viver. Não te preocupes com Ele! Procura por ti mesmo agarrar a vida o mais que puderes!”
Embora o império romano e as suas ideologias já não existam, quão actual é ainda tudo isto! Também hoje existem, por um lado, as forças do mercado, do tráfico de armas, de drogas e de seres humanos; forças que gravam sobre o mundo e arrastam a humanidade para prisões de onde não se pode escapar. Por outro lado, temos hoje a ideologia do sucesso, do bem-estar, que nos diz: Deus não passa de uma ficção, só nos faz perder tempo e tirar-nos a alegria de viver. Não te preocupes com Ele! Procura por ti mesmo agarrar a vida o mais que puderes!”
Paulo formulou através da palavra a verdadeira liberdade num mundo cheio de angústias:
“Se Deus é por nós, quem será contra nós? (…) Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada? (…) Mas em tudo isto, somos nós mais que vencedores por Aquele que nos amou. Porque estou certo que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Jesus Cristo, Nosso Senhor.” (Rom 8, 31-39).”
In Joseph Ratzinger “Jesus de Nazaré”
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home