O pedido de desculpas

"Como se previa, na campanha eleitoral para as Europeias já se está a debater o que é verdadeiramente importante. Não a Europa, como defendia do PS. Não o país, como defendeu o PSD. Nada disso! A classe política dedica-se agora, militantemente, a debater algo muito mais importante do que a crise: saber se o PCP deve pedir desculpas a Vital Moreira.

É certo que com esta triste cena, levada a cabo por um grupo de galinhas tontas, o PS acaba de conseguir o seu objectivo: o povo já sabe quem é Vital Moreira. Na manhã da gritaria, o PS tinha apenas 3% de avanço sobre o PSD nas sondagens. Antes dos empurrões Vital Moreira era menos conhecido do que o Vitinho, Susan Boyle e o Noddy. E não aparecia nas revistas cor-de-rosa. Vital Moreira não era uma celebridade: tinha sido, apenas, um metódico e competente megafone de José Sócrates. Mas não é isso que invalida as suas qualidades académicas.

O problema é quando se quer fazer de um candidato à Europa um mártir da Marinha Grande alfacinha. Com este incidente idiota, a campanha entrou no nível que já se esperava: as ideias foram substituídas por idiotices. Vitalino Canas, que faz questão de perder todas as boas oportunidades de estar calado, veio clamar contra o "ódio" (um vírus semelhante à "campanha negra"), e assim o mote ficou dado para este mês. Vital Moreira tornou-se o estimulante tema da campanha. Brevemente a "geração Magalhães" será substituída pela "geração Moreira" nos tempos de antena do PS. O país agradece. E aceita o pedido de desculpas da classe política."

Fernando Sobral