Louçã fez o um, dois, três

"A noite eleitoral para o partido de Francisco Louçã não poderia ter sido melhor. Elegeu três eurodeputados, aumentou o número de votos e conseguiu um lugar no pódio da política lusa. É evidente que estes resultados eleitorais são uma grande vitória e não vale a pena tentar arranjar argumentos para a minimizar.

Outra coisa, porém, é encontrar uma explicação plausível para a adesão dos portugueses ao Bloco de Esquerda. É evidente que Francisco Louçã e companhia vão dizer que o eleitorado aderiu às suas propostas de nacionalização da Banca, dos seguros, da energia e das telecomunicações. É evidente que Francisco Louçã vai tentar dizer que os cidadãos aplaudem entusiasticamente os seus ataques a quem tem dinheiro, mesmo que obtido com o esforço do seu trabalho.

Também é evidente que o professor catedrático Francisco Louçã vai embandeirar em arco com esta noite eleitoral e sonhar com mais um resultado estrondoso nas legislativas do Outono. Mas o experiente Francisco Louçã já conheceu o sabor amargo das vitórias de Pirro.

E que o Bloco de Esquerda, mesmo numa situação económica terrível, só conseguiu convencer 400 mil pessoas dos mais de nove milhões de portugueses inscritos nos cadernos eleitorais. E que este massivo voto de protesto contra o PS de José Sócrates é isso mesmo. Um voto de protesto. Não é um voto de confiança para Francisco Louçã e o Bloco de Esquerda irem para o Governo destruir o mercado. Vá de retro Satanás, isto é, Francisco Louçã e o seu querido Bloco."

António Ribeiro Ferreira