Meter-se com lobos para se queixar
"Foi, ontem, o artigo mais lido no site do El País. O título dizia tudo: "Jornalista, deixa de tremer, que se quiséssemos matar-te já estarias morto." O jornalista do El País foi visitar o Morro dos Macacos, favela do Rio mundialmente célebre desde que se apurou para os Jogos Olímpicos na modalidade de tiro a helicóptero policial. O título dizia tudo. O problema é que a reportagem não dizia mais do que isso. Na terça-feira passada, depois dos confrontos que fizeram dezenas de mortos, incluindo os polícias de um helicóptero abatido, o jornalista apareceu na entrada da favela. Apesar dos conselhos da polícia, ele entrou morro acima. Sozinho. Pouco depois, foi cercado por um bando armado: "A minha primeira reacção foi baixar a cabeça, levar as mãos à nuca e pôr-me de joelhos", escreveu o jornalista. O seu medo, natural, levou à frase dita por um bandido e que vem no título. Felizmente, os bandidos mandaram-no embora. E a reportagem resumiu-se ao medo do jornalista. Era previsível encontrar bandidos loucos e descrever o medo, também previsível, não podia ser justificação para meter-se pela favela dentro. Indo, só deu um ambiente exótico ao que teve para contar, o seu medo. Gosto de jornalistas que entrem nas histórias que contam, não gosto é que as ocupem. "
Ferreira Fernandes
Ferreira Fernandes
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