'videokilled the video star'
"Há dois anos, uma sra. Maitê Proença, que segundo li é actriz de telenovelas, gravou um pequeno vídeo sobre Portugal, à época transmitido num programa da TV Globo. No vídeo, que se pretendia jocoso, a senhora imita o sotaque daqui, mostra uma casa em Sintra com o número da porta invertido e fala de um hotel de cinco estrelas sem técnico de informática. Aparentemente, isto bastou para que um nosso compatriota ressuscitasse agora tamanha irre- levância, promovesse um abaixo-assinado a exigir desculpas (?) e incendiasse a Internet com fúria nacionalista.
O único problema da tentativa cómica da sra. Proença é a falta de graça. Seria potencialmente hilariante se tratasse de características reais e realmente ridículas dos portugueses, como o fascínio pela "cultura" de países do Terceiro Mundo, Brasil incluído, que "compensa" o desconhecimento da cultura do Primeiro. Ou a capacidade de dar importância ao que não possui nenhuma.
Se, por exemplo, os franceses respondessem assim às paródias americanas, a Embaixada dos EUA em Paris seria obrigada a criar um departamento exclusivamente dedicado aos protestos. Nunca ouvi falar de protesto nenhum. Nações a sério concedem a brincadeiras o destaque que as brincadeiras merecem. A ofensa fácil e colectiva exige um caldo notável de presunção, insegurança, boçalidade e atraso de vida. O caso flagrante é o dos povos muçulmanos, que saem à rua em roupa interior sempre que alguém refere Maomé sem a devida vénia. Outro caso, menos flagrante, é curiosamente o brasileiro. Não há muito tempo, um episódio dos Simpsons que retratava o país enquanto um lugar de miséria e insegurança (imagine-se) motivou vasta indignação local, a ponto de altíssimas autoridades ameaçarem processar a produtora Fox.
Em abono do Brasil, lembro que os Simpsons são talvez a série mais influente da história da televisão (e sim, também achincalharam a França). A sra. Proença nem sei quem é. Ou não sabia, que a absurda polémica em curso a tornou célebre numa terra que reage a galhofas falhadas mediante pretextos para galhofas garantidas. Entretanto, a actriz de telenovelas gravou novo vídeo, este com o reclamado pedido de desculpas e a jura, a título justificativo, de que a senhora até goza o presidente (dela). Ou seja, na escala de respeito da sra. Proença os portugueses situam-se abaixo de Lula. E isso já ofende o meu brio lusitano: não haverá um abaixo-assinado contra o segundo vídeo? "
Alberto Gonçalves
O único problema da tentativa cómica da sra. Proença é a falta de graça. Seria potencialmente hilariante se tratasse de características reais e realmente ridículas dos portugueses, como o fascínio pela "cultura" de países do Terceiro Mundo, Brasil incluído, que "compensa" o desconhecimento da cultura do Primeiro. Ou a capacidade de dar importância ao que não possui nenhuma.
Se, por exemplo, os franceses respondessem assim às paródias americanas, a Embaixada dos EUA em Paris seria obrigada a criar um departamento exclusivamente dedicado aos protestos. Nunca ouvi falar de protesto nenhum. Nações a sério concedem a brincadeiras o destaque que as brincadeiras merecem. A ofensa fácil e colectiva exige um caldo notável de presunção, insegurança, boçalidade e atraso de vida. O caso flagrante é o dos povos muçulmanos, que saem à rua em roupa interior sempre que alguém refere Maomé sem a devida vénia. Outro caso, menos flagrante, é curiosamente o brasileiro. Não há muito tempo, um episódio dos Simpsons que retratava o país enquanto um lugar de miséria e insegurança (imagine-se) motivou vasta indignação local, a ponto de altíssimas autoridades ameaçarem processar a produtora Fox.
Em abono do Brasil, lembro que os Simpsons são talvez a série mais influente da história da televisão (e sim, também achincalharam a França). A sra. Proença nem sei quem é. Ou não sabia, que a absurda polémica em curso a tornou célebre numa terra que reage a galhofas falhadas mediante pretextos para galhofas garantidas. Entretanto, a actriz de telenovelas gravou novo vídeo, este com o reclamado pedido de desculpas e a jura, a título justificativo, de que a senhora até goza o presidente (dela). Ou seja, na escala de respeito da sra. Proença os portugueses situam-se abaixo de Lula. E isso já ofende o meu brio lusitano: não haverá um abaixo-assinado contra o segundo vídeo? "
Alberto Gonçalves
2 Comments:
CARO AMIGO
QUANTO A MIM ESTE TIPO DE HUMOR, NORMALMENTE NEM LIGO, VALE POR SI.
NESTE CASO SENTI-ME BASTANTE OFENDIDO, PELA CUSPIDELA NUM MONUMENTO " OS JERONIMOS" QUE PELO QUE REPRESENTA NÃO SE DEVERIA DEIXAR PASSAR EM BRANCO BRINCADEIRA TAO ESTUPIDA, SEM GRAÇA
À PARTE DAS GRAÇOLAS QUE OS BRASILEIROS FAZEM DOS PORTUGUESES, ALGUMAS ATE ACHO GRAÇA.
NAO ACHARIA GRAÇA NENHUMA, SE QUALQUER ESTRANGEIRO OU PORTUGUES
FOSSE MIJAR AOS PES DE D.AFONSO HENRIQUES.
ISTO NAO É NACIONALISMO BACOCO,NÃO, É TER UM MINIMO DE RESPEIRO PELOS NOSSOS ANTEPASSADOS...MAIS NADA.SÓ.
Para fazerem chegar à Messalina a ver se ela percebe que é muito mais estúpida que os seus, dela, antepassados lusitanos.
Mais estúpida e mais refinada
Aqui vai a explicação do nº ao contrário em Sintra, passem ao vossos amigos, se alguém aqui tem que se envergonhar não somos nós. Em Portugal costuma dizer-se que a ignorância é a mãe do atrevimento..
Sintra, foi terra de Templários, Maçonaria, Priorados e Orgias. Ao que parece o facto de o nº se encontrar ao contrário era um sinal para pessoas de fora identificarem o local do culto secreto.
” Já que está a ter tanta visibilidade (o vídeo da Maitê Proença), seria bom lembrar que aquela porta pertence ao antigo Hotel Victor – frequentado por Eças, Camilos, Ramalhos e outros grandes intelectuais do Séc.XIX e que como é sabido, surge inclusivamente, retratado nos
Maias. É também de recordar que quem o mandou construir foi o Victor Sasseti, dono do Hotel Bragança, em Lisboa, maçon e grande amigo de António Carvalho Monteiro e do Luigi Manini, que lhe fez o projecto do Cottage Sasseti, na encosta dos Mouros, agora propriedade da Câmara. Claro que o Sasseti pôs o número ao contrário de propósito!
Nesta «vilazinha» tudo tem certo espírito secreto. Pena a senhorita não arranjar ninguém que lhe explique a simbologia do três…
O três invertido, tal como o triângulo invertido (1), representa o princípio masculino. O número três, como o cinco ou o sete, tem importantes conotações maçónicas (por exemplo, os três símbolos da Maçonaria são o Esquadro, Nível e o Fio de Prumo).Três são também as
Graças, como se pode ver no painel da Regaleira. Já para não falar da triplicidade do tempo (passado, presente e o futuro) e de outras
coisas que davam pano para mangas.”
(1) - E não os 3 invertidos que ela perdeu quando da primeira vez que veio a Portugal, porque os outros 3 já ela os tinha perdido no meio do sertão há muito tempo
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