terça-feira, outubro 13, 2009

Pelo sonho é que vamos

"Alguns indivíduos, certamente "fascistas" ou aparentados, lamentam o aumento fulgurante de beneficiários do "rendimento mínimo" (RSI), o qual ganhou 50 mil novos sócios nos primeiros seis meses de 2009. Claro que essas criaturas desprovidas de sensibilidade social adoptam a perspectiva errada e preferem sublinhar o falhanço de um subsídio de "inserção" que apenas insere muitos dos envolvidos na cama até à hora de almoço.

Como escreveu Filomena Martins no DN, isto lembra a história do copo meio cheio ou meio vazio. Ao contrário dos "fascistas", os sujeitos preocupados com a solidariedade e descontraídos com o dinheiro alheio aplaudem (ou deviam aplaudir) o alargamento demográfico do RSI. A razão é óbvia: quanto maior for o número de dependentes, mais justa é a sociedade. Aliás, uma sociedade completamente dependente do Estado seria uma sociedade completamente justa e igualitária, utopia reclamada pela Constituição e de que não devemos abdicar. É questão de tempo.

Existem, hoje, 385 mil pessoas a receberem o "rendimento mínimo". Se, por hipótese, mantivermos a taxa de 50 mil por semestre, daqui a 11 anos um milhão e meio de portugueses viverão, bem ou mal, do RSI. Se formos realmente ambiciosos, em cinco décadas a maioria dos portugueses conseguirá sustentar-se sem trabalho e sem impostos, ou, o que é o mesmo, com o trabalho e os impostos dos outros, os "fascistas" que só por milagre se sustentarão a si próprios. E não haverá solidariedade que lhes valha
."

Alberto Gonçalves

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