Ao que isto chegou
"Rui Pedro Soares, administrador da PT, é um cidadão da República. Como é evidente, tem todo o direito de interpor providências cautelares aos jornais que entender, como entender, quando entender.
Acontece que o gesto, legítimo do ponto de vista jurídico, é desastroso e alarmante do ponto de vista político. Calar o ‘Sol’, ao contrário do que imaginam os ‘formalistas’, não é proibir a revelação de conversas privadas sobre assuntos privados entre amigos privados. É enfiar uma rolha na revelação de factos que, pela sua gravidade política, podem ter um incontornável interesse público: factos que lidam com a presuntiva existência de um ‘polvo’ governamental que, usando dinheiros públicos, pretendia controlar a comunicação social. Se existiam dúvidas sobre estes factos, a providência cautelar ajuda a dissipá-las: só por receio de danos irreparáveis para o governo alguém se antecipa a eles, tentando abater o mensageiro. No contexto de desconfiança em que vivemos, a providência cautelar não acautela coisa nenhuma. Apenas expressa uma consciência pesada."
João Pereira Coutinho
Acontece que o gesto, legítimo do ponto de vista jurídico, é desastroso e alarmante do ponto de vista político. Calar o ‘Sol’, ao contrário do que imaginam os ‘formalistas’, não é proibir a revelação de conversas privadas sobre assuntos privados entre amigos privados. É enfiar uma rolha na revelação de factos que, pela sua gravidade política, podem ter um incontornável interesse público: factos que lidam com a presuntiva existência de um ‘polvo’ governamental que, usando dinheiros públicos, pretendia controlar a comunicação social. Se existiam dúvidas sobre estes factos, a providência cautelar ajuda a dissipá-las: só por receio de danos irreparáveis para o governo alguém se antecipa a eles, tentando abater o mensageiro. No contexto de desconfiança em que vivemos, a providência cautelar não acautela coisa nenhuma. Apenas expressa uma consciência pesada."
João Pereira Coutinho
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