segunda-feira, março 08, 2010

O direito do PSD à eutanásia

"Desde a saída de Cavaco Silva e sobretudo desde Santana Lopes que o PSD não é exactamente uma força política, mas um espaço onde, por conveniência, tique ou masoquismo se cruzam indivíduos que se odeiam mutuamente. Ocasionalmente, alguns dos indivíduos adquirem notoriedade suficiente para formar um séquito de devotos tão fiéis quanto oportunistas. Cada séquito, que se dedica a disparar sobre o séquito que ocupa com crescente fragilidade a direcção, é no PSD apelidado de "tendência", embora, por este andar, a única tendência do PSD seja rumo à extinção.

Se comparados com o calamitoso Governo do eng. Sócrates, os 29% que o partido obteve nas últimas "legislativas" parecem escassos. Se comparados com o que o partido justifica, são uma razoável proeza, devida ao eng. Sócrates e, talvez, à inércia e à tradição. Sucede que o eng. Sócrates (ou alguém por ele) resiste, enquanto a inércia e as tradições desgastam-se. Hoje, é usual perguntar o que é que o PSD oferece ao País. E a resposta é pouco, excepto um circo de ressentimento que só por voyeurismo interessará ao cidadão médio. Como nenhum adepto aplaudiria uma equipa especializada em rematar à própria baliza, porque é que o País votaria numa agremiação de rancores pessoais? Melhor (ou pior), o que é que o País tem a ver com os rancores?

Claro que a ausência prolongada de poder explica muito. Acontece que o problema do PSD precisa menos de causas do que de soluções. E estas não prometem passar por nenhuma das três sumidades que se candidatam à liderança sem motivo aparente a não ser a vontade de evitar a vitória alheia. Passos Coelho fez uma carreira, breve de dois anos, a minar Ferreira Leite e os "barões". Paulo Rangel corre contra Passos Coelho e as "bases". Aguiar--Branco ergue-se contra Rangel. E o eleitor que apreciaria uma alternativa ao socialismo em curso adormece.

Vasco Pulido Valente chamou defuntos aos candidatos. "Coveiros" talvez fosse mais exacto. De qualquer modo, o congresso do PSD ameaça passar por um velório, e é duvidoso que mesmo um milagre, incluindo a descida de Cristo ou a de Marcelo, o transforme numa festa. Quando em estado terminal, às vezes um moribundo apenas precisa de morrer em paz
."

Alberto Gonçalves

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