domingo, março 07, 2010

O leitor ainda acredita no Pai Natal?

"O Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) reuniu-se para discutir os despachos de Pinto Monteiro sobre o processo ‘Face Oculta’ e após nove longas horas de conversa emitiu um comunicado anoréctico onde em vez de carninha tenra (esclarecimentos) só havia osso duro (palavreado corporativo). No comunicado, é dito que Pinto Monteiro actuou em consonância com os "procedimentos característicos da actividade judiciária", e quanto a isso estamos todos de acordo: os seus procedimentos têm, de facto, aquela opacidade característica de quem se esconde atrás de formalismos vários para fingir que não está a fazer uma gestão política dos acontecimentos.

Ver o CSMP afirmar publicamente que está determinado a "impedir a contaminação do Ministério Público por considerações de índole política" seria uma boa anedota não fosse tão tragicamente infeliz: foi o próprio Pinto Monteiro a classificar o caso como uma "armadilha política"; foi Pinto Monteiro quem decidiu emitir notas de esclarecimento sobre o ‘Face Oculta’ a 23 de Dezembro quando toda a gente já se estava a dedicar às rabanadas; foi Pinto Monteiro quem, segundo algumas notícias, justificou uma disparidade de datas com o facto de um despacho de 26 páginas ter levado três dias a dactilografar. Já vi filmes sobre marcianos azuis com três metros de altura terem um grau de plausibilidade muitíssimo superior.

Pinto Monteiro pode ser o maior dos magistrados e ter sempre na boca os trintas e tal anos que já leva de ofício. O PGR pode até ter a maior fundamentação jurídica para mandar as suspeitas sobre o primeiro-ministro para o baú. Mas fazerem-nos crer que não existem quaisquer "considerações de índole política" neste caso é quererem que acreditemos ao mesmo tempo no Pai Natal, nos duendes e em renas que voam. Não dá
."

João Miguel Tavares

Divulgue o seu blog!