Pois é...
O irregular e promíscuo funcionamento dos poderes públicos é a causa primeira de todas as outras desordens que assolam o país.
Independentemente do valor dos homens e das suas intenções, os partidos, as facções e os grupos políticos supõem ser, por direito, os representantes da democracia.
Exercendo de facto a soberania nacional, simultânemente conspiram entre si estranhas alianças de que apenas os beneficiários são os seus militantes mais activos.
A Presidência da República não tem força nem estabilidade.
O Parlamento parece constantemente o espectáculo do desacordo, do tumulto,a incapacidade legislativa ou do obstruccionismo, escandalizando o país com o seu procedimento e, a inferior qualidade do seu trabalho.
Aos Ministérios falta coesão, autoridade e uma linha de rumo, não podendo assim governar, mesmo que alguns mais bem intencionados o pretendam fazer.
A Administração Pública, incluindo as autarquias, em vez de representar a unidade, a acção progressiva do estado e a vontade popular é um símbolo vivo da falta colaboração geral, da irregularidade, da desorganização e do despesismo que gera até nos melhores espíritos o cepticismo, a indiferença e o pessimismo.
Directamente ligado a esta desordem instalada, a desordem financeira e económica , agrava a desordem política, num ciclo vicioso de males nacionais.. Ambas situações somadas conduziram fatalmente à corrupção generalizada que se instalou..."
António Salazar
In " Como se levanta um Estado", à venda.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home