quarta-feira, março 10, 2010

Os netos de Rousseau

"Na crónica da semana passada, lembrei, parcialmente a brincar, que na minha infância a pancadaria entre crianças não era bullying: era um assunto a resolver pelas próprias. No DN online, diversos leitores tiveram a bondade de me acusar de defender a "força bruta" (por contraponto à força meiga?) e, nalguns casos, de me chamar "nazi" (?). Entretanto, um aluno de Mirandela chegou às manchetes nacionais porque, ao que consta, se suicidou após sofrer repetidos espancamentos.

Vamos por partes. Parte um: o que critiquei no alarme contemporâneo em volta do bullying é que, bem espremido, frequentemente o dito se resume a um fedelho que empurra o parceiro ou que lhe chama vesgo. Naturalmente, não me referia a episódios em que um bando pontapeia a cabeça de um desgraçado até o mandar para o hospital, como terá sucedido em Mirandela.

Parte dois. A histeria que, com ou sem justificação, o bullying suscita é menos a reacção legítima à respectiva existência que uma das suas causas. Ou seja, a protecção exagerada que hoje se dedica às crianças bebe na fonte da grotesca violência de que algumas são alvo. O efeito epidémico da pedagogia "moderna" levou a que potenciais agredidos e potenciais agressores se vissem erguidos a um estatuto que os desresponsabiliza pelos seus actos. Excessivamente mimadas ou largadas ao deus-dará, as crianças de agora são, literalmente, inimputáveis, o que se compreende num contexto que concorreu para abolir a disciplina da vida dos petizes. No que toca às funções que costumava desempenhar, a família desapareceu, a não ser quando irrompe aos berros na escola porque o seu rebento foi insultado pelo colega ou castigado pelo professor (uma raridade).

Parte três. Privadas de regras civilizacionais em casa e nas aulas e, consequentemente, da capacidade elementar de distinguir o bem do mal, as crianças cirandam num vazio que, no essencial, não difere da selva. E na selva, escusado dizer, não manda o mais virtuoso, mas o mais forte. Rousseau, o pai do relativismo, da tolerância e da abdicação que destruíram a educação em sentido estrito e lato, enganou-se em tudo: os selvagens não são bons, embora os selvagens de Mirandela em questão estejam a receber apoio psicológico, coitadinhos. Com Rousseau não aprendemos nada
."

Alberto Gonçalves

3 Comments:

Anonymous Vão-se foder todos said...

Quem ouviu hoje o merdodo indiano a defender o boy...

Puta que os pariu!!!

quarta-feira, março 10, 2010  
Anonymous Anónimo said...

Entretanto a merda dos combustíves com o petróleo á volta dos 80 USD custa tanto quando estava a 150 USD

Chulos de merda!

quarta-feira, março 10, 2010  
Anonymous Tenho medo said...

"... as crianças..."

certamente quis dizer os futuros marginais deste país...

e por culpa dos adultos que numa cega posição de pusilaminidade se demitem de educar

pais, professores, adultos, políticos...

Depois admiram-se da criminalidade e marginalidade cada vez começar mais cedo.

Merda pra tanta cobardia e tantos cobardes

quarta-feira, março 10, 2010  

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