sexta-feira, abril 02, 2010

O PSD enquanto alternativa ao PSD

"Na noite da vitória (avassaladora) de Pedro Passos Coelho, um seu apoiante declarou às televisões que "hoje o PSD sai reforçado". Em seguida, as televisões mostraram, de rajada, os reforços: Ângelo Correia, Mira Amaral, o Marco António de Gaia e um senhor que julgo chamar--se Miguel Relvas. Com maior ou menor ressentimento, todos testemunharam o advento de uma Nova Era, plena de "mudança" e de "unidade", a exacta "unidade" que, presume-se, terá faltado ao partido durante a anterior direcção por obra e graça dos novos vencedores. Escusado acrescentar que estes terão um trabalhão em manter a "unidade" contra a futura sabotagem fraterna dos novos derrotados. Mas isso é lá com eles. Aliás, conforme demonstraram os introvertidos discursos de Passos Coelho e de Paulo Rangel, tudo no PSD actual parece ser lá com eles. E não connosco.

No frenesim de "mudança" que acometeu o serão, outra palavra muito repetida foi "alternativa". Agora, pelos vistos, é que o PSD será alternativa ao eng. Sócrates. Desculpem a impertinência: por comparação com o quê? Espremidos os dois últimos anos, e apesar de inúmeros disparates, a vigência de Manuela Ferreira Leite representou o inverso quase perfeito do Governo, quer nas políticas quer, digamos, no "estilo". A dra. Ferreira Leite avisou para a desastrosa inutilidade do investimento público e o PEC (que a senhora, por dever para com o Estado ou para com Cavaco, consentiu) dá-lhe inteira razão. A dra. Ferreira Leite alertou para as tentativas de controlo dos "media" e a Comissão de Inquérito em curso (além das notícias regulares a propósito) dá-lhe, no mínimo, razão provisória. A dra. Ferreira Leite recusou, natural ou deliberadamente, o foguetório do marketing e o eleitorado deu-lhe uma votação insignificante.

Contas feitas, o PSD da "mudança" sempre me pareceu favorável ao TGV e obras afins, julgo que discorda da tese da "asfixia democrática" e suspeito que apostará no foguetório. O PSD do dr. Passos Coelho é, pois, uma alternativa clara ao PSD da dra. Ferreira Leite, não ao PS do eng. Sócrates. Não terá grande razão, mas talvez venha a ter votos, se o eleitorado for capaz de distinguir os respectivos líderes. Ou de os confundir, o que é ainda mais provável
."

Alberto Gonçalves

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