terça-feira, abril 06, 2010

Salários e obscenidades, ou Portugal no seu pior

"António José Seguro qualificou de obscenos os 3,1 milhões de euros recebidos pelo presidente da EDP em 2009: 1,8 milhões referentes aos últimos três anos, 700 mil euros de salário fixo e 600 mil euros de remuneração variável. Críticas secundadas por Mira Amaral. Para Seguro, é imoral "atingir estes valores " quando se pedem sacrifícios ao país. Mira Amaral acrescentou outros argumentos: na EdP e na PT não se pode usar a performance para justificar a remuneração variável: são 'utilities' com pouca concorrência.

Quem tem razão? Nenhum deles. Primeiro porque a remuneração variável continua a ser a melhor solução para premiar (ou penalizar) gestores: os resultados são bons? Recebem mais; os resultados são maus? Recebem o salário fixo. Segundo porque não se pode falar em falta concorrência no mercado das 'utilities': a EDP tem vindo a perder quota de mercado para outros operadores, nomeadamente espanhóis; a PT tem um forte concorrente na rede móvel e um formidável concorrente na TV por cabo (que até é líder de mercado…). Acresce que EDP e PT já vão buscar a outros mercados a maioria dos lucros. E nesses "mercados", onde não falta concorrência (v.g. o Brasil, hoje o principal mercado da PT, e os EUA, onde a EDP Renováveis luta com gigantes mundiais do sector), os resultados são muito bons. Ou seja, os salários dos gestores têm de levar em conta a operação nestes mercados e não apenas em Portugal.

É claro que podemos ignorar tudo isto. Em nome do populismo (estúpido, diga-se). Ou em defesa de outras energias, que não as renováveis. Got it?
"

Camilo Lourenço

1 Comments:

Anonymous António Barreto said...

Claro, Há sempre boas razões para justificar os salários sumptuosos dos génios e os salários miseráveis dos "colorados".

quinta-feira, abril 08, 2010  

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