Uma nova oposição?
"O PSD não soube, até agora, ser oposição. Com um novo líder, pretende reocupar o poder. É uma tarefa dura, ao contrário do que os pés de barro em que assenta o executivo de José Sócrates poderiam supor. A sede de poder sempre foi um terrível problema para as oposições. Porque elas, muitas vezes, comportam-se com o perdido no deserto que, no meio da alucinação, bebe areia porque julga que é água. O PSD de Manuela Ferreira Leite foi um partido de consensos. Só que um partido de oposição que aspira a ser Governo não pode, ao mesmo tempo, ter convicções e estar sempre preocupado com consensos. E, por isso, o chamado consenso nacional à volta do PEC é o mais premente problema de Pedro Passos Coelho. Amarrado a esse consenso, nunca conseguirá transformar o PSD no partido de oposição que aspira a apresentar alternativas credíveis para ser Governo. Equilibrar essa necessidade de ruptura com o apelo ao consenso que vem de Belém e com a difícil posição em que Portugal se encontra no mercado financeiro não é uma aposta no Euromilhões. Este ainda é um PSD de velhas rotinas, de interesses muito difusos, e que pouco aprendeu com alguns anos na oposição. Porque, enleado nas suas contradições, nunca mostrou ser uma alternativa com um projecto possível para o País. Essa tem sido sempre a melhor defesa de José Sócrates e dos seus. O consenso é a sopa onde sempre se afogaram as novas ideias em Portugal. Fazer a ruptura com bom senso é um caminho estreito e cheio de espinhos. Mas essa parece ser a única rota para um PSD que tem de começar por ser mais, e melhor, oposição."
Fernando Sobral
Fernando Sobral
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