Almanaque presidencial
"No quiosque nacional, as presidenciais prometem a batalha final para acabar com a guerra política. Refira-se em tom despreocupado que as eleições presidenciais são de momento um factor de bloqueio político.
Melhor ainda, a escolha próxima de um novo Presidente da República provoca no país um efeito de congelação da crise política. Para Cavaco Silva, a erupção de uma crise política representa o fracasso de todo um mandato. E neste momento é importante permitir ao Presidente um final de primeiro mandato com total dignidade.
Portugal tem vivido comodamente com três Presidentes - Mário Soares, o eterno Presidente; Manuel Alegre, o Presidente sombra; Cavaco Silva, o Presidente em exercício. Neste triângulo de rivalidades e de pequenos ódios joga-se o futuro da Presidência da República. Sublinhe-se que nesta conjuntura estratégica Sócrates foi completamente ultrapassado pelos acontecimentos. Seja por indolência ou por incompetência, o primeiro-ministro é já o grande derrotado das presidenciais.
Mas vamos por partes. Para consolo político, Mário Soares é parte activa nestas eleições ao armadilhar a corrida com a presença de Fernando Nobre. Fernando Nobre é o inocente útil que percorre a grande selva política que separa os dinossauros excelentíssimos, Alegre e Soares. Politicamente, Nobre define-se pela cidadania chique cruzada com o folclore humanitário, tudo rematado pela sempre útil demagogia anti-sistema. Esteja onde estiver, mas sempre com a arrogância de uma pretensa superioridade moral, Nobre está à Esquerda.
Também à Esquerda está Manuel Alegre. A candidatura de Alegre é um ‘franchise' onde cabe PS e Bloco com a descontracção própria das aberrações de circo. Alegre apresenta-se contra o espectro terrível de uma Direita que não existe. Enorme no seu imenso ego, Alegre avança contra Mário Soares porque se acha o herdeiro político e espiritual do pai fundador da República. A candidatura de Alegre não tem razão de ser e o seu perfil político não preenche os requisitos de um Presidente da República para os tempos modernos. Travestido ao centro, Alegre, a voz da revolta e do inconformismo, é agora o arauto da estabilidade. Entre o humor e o mau gosto, a estabilidade para o Bloco representa a revolução e o derrube do Governo, enquanto no PS a estabilidade representa o respeito pelas instituições e a continuação do Governo. Alegre ao deixar-se instrumentalizar pela estratégia entrista do Bloco conduziu o PS para o ridículo de uma emboscada política. Por ingenuidade ou cinismo, Alegre está cego pela quimera unificadora da religião da República.
Viciada na crise parece estar a Direita à procura de um candidato. Naturalmente à Direita está também Cavaco Silva. E para a Direita há sempre um Portugal desconhecido que espera por nós. Resta apenas saber se esse país tem futuro."
Carlos Marques de Almeida
Melhor ainda, a escolha próxima de um novo Presidente da República provoca no país um efeito de congelação da crise política. Para Cavaco Silva, a erupção de uma crise política representa o fracasso de todo um mandato. E neste momento é importante permitir ao Presidente um final de primeiro mandato com total dignidade.
Portugal tem vivido comodamente com três Presidentes - Mário Soares, o eterno Presidente; Manuel Alegre, o Presidente sombra; Cavaco Silva, o Presidente em exercício. Neste triângulo de rivalidades e de pequenos ódios joga-se o futuro da Presidência da República. Sublinhe-se que nesta conjuntura estratégica Sócrates foi completamente ultrapassado pelos acontecimentos. Seja por indolência ou por incompetência, o primeiro-ministro é já o grande derrotado das presidenciais.
Mas vamos por partes. Para consolo político, Mário Soares é parte activa nestas eleições ao armadilhar a corrida com a presença de Fernando Nobre. Fernando Nobre é o inocente útil que percorre a grande selva política que separa os dinossauros excelentíssimos, Alegre e Soares. Politicamente, Nobre define-se pela cidadania chique cruzada com o folclore humanitário, tudo rematado pela sempre útil demagogia anti-sistema. Esteja onde estiver, mas sempre com a arrogância de uma pretensa superioridade moral, Nobre está à Esquerda.
Também à Esquerda está Manuel Alegre. A candidatura de Alegre é um ‘franchise' onde cabe PS e Bloco com a descontracção própria das aberrações de circo. Alegre apresenta-se contra o espectro terrível de uma Direita que não existe. Enorme no seu imenso ego, Alegre avança contra Mário Soares porque se acha o herdeiro político e espiritual do pai fundador da República. A candidatura de Alegre não tem razão de ser e o seu perfil político não preenche os requisitos de um Presidente da República para os tempos modernos. Travestido ao centro, Alegre, a voz da revolta e do inconformismo, é agora o arauto da estabilidade. Entre o humor e o mau gosto, a estabilidade para o Bloco representa a revolução e o derrube do Governo, enquanto no PS a estabilidade representa o respeito pelas instituições e a continuação do Governo. Alegre ao deixar-se instrumentalizar pela estratégia entrista do Bloco conduziu o PS para o ridículo de uma emboscada política. Por ingenuidade ou cinismo, Alegre está cego pela quimera unificadora da religião da República.
Viciada na crise parece estar a Direita à procura de um candidato. Naturalmente à Direita está também Cavaco Silva. E para a Direita há sempre um Portugal desconhecido que espera por nós. Resta apenas saber se esse país tem futuro."
Carlos Marques de Almeida
1 Comments:
Dignidade de Cavaco seria demitir este PM e aceitar asconsequências e não se recandidatar, mas não é p PSD que manda no homem é outra pessoa e é a vaidade de uma pessoa doente com doença degenerativa do SNC, percebe-se no discurso e na forma e no conteúdo.
Isso seria sair com dignidade.
O resto o folclore do lixo que são os outros candidatos, é o lixo e o atoleiro em que nos econtramos.
O paí snão agueta UM PM e um governo que não governa e sobretudo está com medo da polícia.
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