Israel, razão e mistério
"Se a Coreia do Norte afunda um barco da vizinha do Sul ou o Governo do Sudão convoca nova chacina no Darfur, as respectivas embaixadas em Lisboa não testemunham qualquer protesto. Por um lado, porque nenhum dos países tem embaixada lisboeta. Por outro, porque, com ou sem embaixada, a disponibilidade de quem protesta concentra--se em Israel: poucas horas após o "massacre" ao barco dos "pacifistas" que rumava a Gaza, dezenas de "espontâneos", em boa parte do Bloco, PCP e organizações metastáticas, surgiram na Rua António Enes a berrar "Israel assassino, do povo palestino!".
Para cúmulo, a hipótese de bandos de desocupados viverem nas imediações da embaixada israelita, prontos a saltar indignados ao menor sinal de "massacre" ou "genocídio", não é uma especificidade lisboeta. As representações de Israel em todo o mundo sofrem com desocupados semelhantes e sofrem de um escrutínio semelhante.
Tamanha paixão ou tamanho ódio não são comuns. No máximo, são coisas também reservadas à América (a América anterior a Obama, claro), e mesmo assim em doses comparativamente moderadas. O ódio aos judeus que por aí vai não conhece moderação: é um desígnio que vem de longe, demasiado longe, e que une comunistas e fascistas, muçulmanos e inúmeros cristãos, jornalistas e comentadores, personalidades e anónimos. O pretexto do ódio varia com os séculos. Noutras épocas, foi a usura, ou a heresia, ou as "conspirações" para subjugar a Terra, ou a inferioridade "racial". Hoje, o pretexto prende-se com os palestinianos, que não comovem ninguém quando se matam entre si ou morrem às mãos dos restantes árabes. A compaixão do Ocidente dirige- -se somente aos palestinianos maltratados por Israel, os únicos capazes de alimentar a irracionalidade em curso.
Perversamente, com a exacta perversidade usada para equiparar o "sionismo" à sua némesis nazi, é de irracionalidade que os "amigos" da Palestina acusam os poucos que insistem em preferir Israel à demência empenhada em erradicá-lo. No episódio da Frota da Liberdade, curioso nome, a propaganda anti-israelita lançou um mote rapidamente glosado por cada pequeno serviçal da "causa": face a semelhante carnificina, só o fanatismo justifica que se continue a defender Israel.
Não custa concordar. Desde que se finja que uma associação turca que angaria fundos para o Hamas é uma ONG humanitária. E que o navio da associação terrorista, perdão, da ONG, seguia carregado de pacifistas. E que é normal os pacifistas ocuparem as horas de lazer a cantar incentivos ao extermínio de judeus e a puxar de adagas logo que encontram um. E que em Gaza um povo oprimido que democraticamente elegeu um governo simpático morre de fome por culpa do embargo. E que as violações do embargo apenas pretendem levar ao povo oprimido comida e medicamentos, e nunca distribuir armas ou alimentar a fúria (fácil) da "opinião pública". E que a informação veiculada pela imprensa europeia acerca do Médio Oriente é isenta e não reproduz ao pormenor a retórica terrorista. E que não há contradição na presuntiva devoção de "progressistas" ocidentais a regimes e sociedades violentos, discriminatórios e, em larga medida, primitivos. E que o interesse dos "pro- gressistas" é a vida dos palestinianos e não a morte dos israelitas. E que, em suma, Israel sobreviveria por muito tempo se agisse de acordo com os critérios estabelecidos pelos que desejam o seu fim urgente.
Desde que se aceite tudo isto, um autêntico compêndio da Razão, é evidente que se torna impossível continuar a argumentar em favor de Israel. E quem disser o contrário é fanático. Fanático, mau, feio e "sionista"."
Alberto Gonçalves
Para cúmulo, a hipótese de bandos de desocupados viverem nas imediações da embaixada israelita, prontos a saltar indignados ao menor sinal de "massacre" ou "genocídio", não é uma especificidade lisboeta. As representações de Israel em todo o mundo sofrem com desocupados semelhantes e sofrem de um escrutínio semelhante.
Tamanha paixão ou tamanho ódio não são comuns. No máximo, são coisas também reservadas à América (a América anterior a Obama, claro), e mesmo assim em doses comparativamente moderadas. O ódio aos judeus que por aí vai não conhece moderação: é um desígnio que vem de longe, demasiado longe, e que une comunistas e fascistas, muçulmanos e inúmeros cristãos, jornalistas e comentadores, personalidades e anónimos. O pretexto do ódio varia com os séculos. Noutras épocas, foi a usura, ou a heresia, ou as "conspirações" para subjugar a Terra, ou a inferioridade "racial". Hoje, o pretexto prende-se com os palestinianos, que não comovem ninguém quando se matam entre si ou morrem às mãos dos restantes árabes. A compaixão do Ocidente dirige- -se somente aos palestinianos maltratados por Israel, os únicos capazes de alimentar a irracionalidade em curso.
Perversamente, com a exacta perversidade usada para equiparar o "sionismo" à sua némesis nazi, é de irracionalidade que os "amigos" da Palestina acusam os poucos que insistem em preferir Israel à demência empenhada em erradicá-lo. No episódio da Frota da Liberdade, curioso nome, a propaganda anti-israelita lançou um mote rapidamente glosado por cada pequeno serviçal da "causa": face a semelhante carnificina, só o fanatismo justifica que se continue a defender Israel.
Não custa concordar. Desde que se finja que uma associação turca que angaria fundos para o Hamas é uma ONG humanitária. E que o navio da associação terrorista, perdão, da ONG, seguia carregado de pacifistas. E que é normal os pacifistas ocuparem as horas de lazer a cantar incentivos ao extermínio de judeus e a puxar de adagas logo que encontram um. E que em Gaza um povo oprimido que democraticamente elegeu um governo simpático morre de fome por culpa do embargo. E que as violações do embargo apenas pretendem levar ao povo oprimido comida e medicamentos, e nunca distribuir armas ou alimentar a fúria (fácil) da "opinião pública". E que a informação veiculada pela imprensa europeia acerca do Médio Oriente é isenta e não reproduz ao pormenor a retórica terrorista. E que não há contradição na presuntiva devoção de "progressistas" ocidentais a regimes e sociedades violentos, discriminatórios e, em larga medida, primitivos. E que o interesse dos "pro- gressistas" é a vida dos palestinianos e não a morte dos israelitas. E que, em suma, Israel sobreviveria por muito tempo se agisse de acordo com os critérios estabelecidos pelos que desejam o seu fim urgente.
Desde que se aceite tudo isto, um autêntico compêndio da Razão, é evidente que se torna impossível continuar a argumentar em favor de Israel. E quem disser o contrário é fanático. Fanático, mau, feio e "sionista"."
Alberto Gonçalves
1 Comments:
Morreu algum pacifista?
Fanático e sionista a soldo de Israel é o senhor Alberto Gonçalves, emigre para Israel e deixe-nos em paz, é a pátria do seu coração afinal.
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