O equívoco de Carvalho da Silva
"Carvalho da Silva entusiasmou-se com o sucesso da manifestação da CGTP. O dirigente começou por calcular em 200 mil os presentes para, mais tarde, dizer que eram mais de 300 mil. Esqueçamos o inevitável inflacionamento dos cálculos (Isabel Brites, a ex-sindicalista que nas manifs da CGTP costumava ser a "contadora" de serviço, disse ao "Público" que na Avenida não estiveram mais de 150 mil pessoas)… e fiquemos pelo que interessa: a manifestação servia para a CGTP testar águas para uma greve geral. Foi o próprio Carvalho da Silva a admitir que, entre nós, a dureza das medidas de austeridade "podem levar a colocar rapidamente na ordem do dia uma greve geral."
Se Carvalho da Silva quer uma greve geral para tornar o país ingovernável está a laborar num erro. Porque o movimento sindical português não tem o peso de outros, na Europa. Nunca conseguiu ser derruba-governos. Porque raramente houve coincidência entre UGT e CGTP? Sim, mas não só: porque o trabalhador português é mais inteligente do que os sindicatos pensam. Quando "dividido" entre a opção ideológica e o emprego, prefere o segundo. Foi sempre assim nos últimos trinta anos.
A austeridade que os portugueses enfrentam agora é uma machadada no seu nível de vida? Sem dúvida. Mas o seu maior receio é perder o emprego, não algumas dezenas de euros no final do mês. É este pragmatismo que os sindicatos até hoje nunca conseguiram dobrar. Felizmente. Porque se a ele se juntar um Governo com um programa duro, mas reformador, o país dá a volta mais rapidamente que os seus congéneres. Alô, São Bento?"
Camilo Lourenço
Se Carvalho da Silva quer uma greve geral para tornar o país ingovernável está a laborar num erro. Porque o movimento sindical português não tem o peso de outros, na Europa. Nunca conseguiu ser derruba-governos. Porque raramente houve coincidência entre UGT e CGTP? Sim, mas não só: porque o trabalhador português é mais inteligente do que os sindicatos pensam. Quando "dividido" entre a opção ideológica e o emprego, prefere o segundo. Foi sempre assim nos últimos trinta anos.
A austeridade que os portugueses enfrentam agora é uma machadada no seu nível de vida? Sem dúvida. Mas o seu maior receio é perder o emprego, não algumas dezenas de euros no final do mês. É este pragmatismo que os sindicatos até hoje nunca conseguiram dobrar. Felizmente. Porque se a ele se juntar um Governo com um programa duro, mas reformador, o país dá a volta mais rapidamente que os seus congéneres. Alô, São Bento?"
Camilo Lourenço
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