quinta-feira, maio 27, 2010

O país agradece

"Para o dr. Passos Coelho, o facto de o Governo ser o principal autor da enrascada em curso não justifica uma moção de censura. No papel do estadista responsável, o líder do PSD acha que eleições antecipadas seriam "a pior coisa que poderia acontecer agora a Portugal". Mas, já no papel do adversário inflexível, abre uma excepção para o negócio da PT/TVI: se se apurar a intervenção do eng. Sócrates, o dr. Passos Coelho promete as moções e as censuras necessárias. Enquanto linha de pensamento, a do dr. Passos Coelho é algo sinuosa e exige redobrada atenção. Vamos devagarinho, então.

Aparentemente, o simpático agrupamento que há cinco anos nos tutela com assinalável inépcia é um mal menor do que as eleições susceptíveis de removê-lo. As eleições convocariam inomináveis tragédias que o dr. Passos Coelho deseja evitar a qualquer custo. A menos, lá está, que o custo fosse a manutenção no poder de um trapaceiro. Em prol do interesse nacional, o dr. Passos Coelho tolera e avaliza um Governo incompetente. Já um Governo desonesto é intolerável, e aqui deixam de importar as calamidades desencadeadas pelo seu fim precoce. Complicado? Só um bocadinho. Ou até se notar que, conforme o dr. Passos Coelho admitiu, a incompetência do primeiro-ministro está provada e, graças à portentosa comissão de inquérito, a respectiva desonestidade na história da TVI ficará por provar.

O que vale é que o dr. Passos Coelho esclareceu que está a ajudar o país e não o eng. Sócrates. Caso contrário, cada atitude sua desde que teoricamente lidera a oposição convenceria muitos do inverso.
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Alberto Gonçalves

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