sábado, maio 29, 2010

Pânico geral

"As galinhas aprenderam com os políticos. Quando estão em pânico fogem em todas as direcções. O Governo, por isso, parece-se neste momento com um aviário. Ou seja, o Executivo já não governa. Atrapalha-se cada vez que escuta o chocalhar do milho. Onde isso é mais visível é no Ministério das Obras Públicas, transformado num mistério das decisões trocadas. O secretário de Estado disse que vai haver aumentos dos transportes, o ministério negou que isso estivesse na agenda do Conselho de Ministros e, minutos depois, veio dizer para se esquecer o que comunicara antes. Compreende-se que as circunstâncias sejam muito rápidas para os neurónios de quem decide neste sítio, mas o mundo hoje é assim. Habituem-se! Mas o que não pode acontecer é este desvario em que ministros e secretários de Estado parecem conviver sem se falarem para definir opiniões concretas. O Ministério das Obras Públicas é hoje um grupo de galinhas em fuga, seja das decisões que toma (como o do finado concurso da Terceira Travessia do Tejo) e não explica, seja das que parece ter tomado e explica mal. Fica-se com a sensação que já não há um Ministério das Obras Públicas em Portugal: existe uma hidra. António Mendonça já não é um ministro: é um cubo de Rubik, ou seja um verdadeiro quebra-cabeças. Mas o que sobra em tudo isso é a incapacidade deste Governo ser transparente e verdadeiro. Vai haver aumentos? Vai? Não vai? A um Governo exige-se que tenha opiniões concretas. E não que, no meio de meias-verdades mal amanhadas, mude de opinião a cada segundo que passa."

Fernando Sobral

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