sábado, junho 12, 2010

Sozinhos ou com o FMI e UE?

"Teresa Ter-Minassian, uma das melhores cabeças que o FMI já teve, diz que é melhor Portugal recorrer já a ajuda internacional do que esperar pelo último minuto. O raciocínio é simples: mais vale mostrar já que temos financiamento assegurado do que recorrer aos mercados mais tarde, com uma mão à frente e outra atrás.

Teresa sabe o que diz. Foi ela que ajudou o País a por as contas em ordem em 78-89 e 83-85 (lembro-me de uma conversa, na sede do FMI, onde me falou das dificuldades para convencer alguns políticos que não havia alternativa à austeridade…). E quando alguém com a sua experiência fala, é melhor ouvir com atenção.

Isso significa que não há alternativa à prevenção" que ela defende? Não. Só que isso implica grandes sacrifícios. Como cortar na despesa corrente, dificultar o endividamento (o crédito continua a crescer acima da inflação) e forçar a poupança. Mas vale a pena. Porque estaríamos a enviar um poderoso recado aos mercados: o de que somos capazes de tratar de nós próprios… sozinhos. É difícil? É. Mas os frutos dessa estratégia seriam impagáveis. Em 1992, quando Helmut Kohl contrariou o Bundesbank e promoveu a reunificação da Alemanha com uma taxa de câmbio irrealista (Deutsche Mark vs. Ost Mark) os juros da dívida bateram nos 10%. Agora estão em 2,4%. Verstehen Sie, Kanzler Socrates?


P.S. - "Nenhuma entidade exterior pode colocar essas matérias na agenda portuguesa" (reforma laboral e das pensões). Candidato presidencial dixit. Quem o viu e quem o vê: ainda há meses defendia o Tratado de Lisboa, que deu passos claros em direcção ao federalismo
."

Camilo Lourenço

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