quinta-feira, julho 22, 2010

Compras ao Domingo

"Os hipermercados foram um símbolo do cavaquismo. No final dos anos oitenta e início dos noventa, quando Cavaco Silva governava em maioria, nasceram os primeiros hipermercados – da Sonae de Belmiro de Azevedo – e rapidamente se tornaram um local de peregrinação da classe média da altura.

A piada da família a passear ao domingo à tarde no hipermercado vestida com um fato-de-treino florescente e de sapatilhas vem dessa data. Durante os últimos anos, com a proibição da abertura das grandes superfícies ao domingo, a anedota deixou de fazer sentido. Com a decisão de ontem do Governo em Conselho de Ministros pode regressar a caricatura.

Piadas à parte, a decisão governamental faz todo o sentido. Os hipermercados abertos ao domingo trazem vantagens para todos. Desde logo para as pessoas que têm mais opções. Ou seja, têm mais um dia em que podem planear a sua vida para fazerem compras. E para quem tem vidas muito ocupadas dá jeito. Também para as empresas é mais um dia em que podem fazer negócio. Estão em causa 180 megalojas que passam a vender ao domingo. E não são apenas os tradicionais hipermercados. São lojas de desporto ou o Ikea.

Do outro lado da barricada está o pequeno comércio. O seu argumento consiste em que as grandes superfícies funcionam como o eucalipto - seca tudo à sua volta. Não faz sentido. Primeiro porque o pequeno comércio de bairro também está fechado ao Domingo. Portanto, até hoje não quis aproveitar a proibição que afectava os hipermercados para prejuízo dos consumidores. Além disto, o pequeno comércio só vai sobreviver se apostar na diferenciação, na inovação e na qualidade. Deve atacar os preços baixos das grandes superfícies com a simpatia da proximidade com as pessoas, com a qualidade dos produtos acima da média e na inovação do serviço prestado aos clientes. É assim que se ganha quota de mercado e não querendo empurrar os outros para fora.

Há um outro argumento contra que ainda é mais perverso. Lojas abertas ao domingo promovem o consumo e combatem a poupança. Assim, devia estar tudo fechado para evitar tentações. Quem acredita nisto é porque não acredita na inteligência das pessoas. Os consumidores são mais espertos do que se pensa e sabem muito bem decidir o que é melhor para si. É preciso ter fé nas pessoas
."

Bruno Proença

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ora o último parágrafo está profundamente errado, não só existe um défice de inteligência na maioria do população, como não sabem decidir o que é melhor para si, por isso existem os altos níveis de endividamento familiar e por isso o governo que temos faz o que quer e ninguém se manifesta. A decisões governamentais devem ser formativas e o Domingo devia ser dia de descanso para todos,. Vejam-se os exemplos da Alemanha, Inglaterra, e outros países. Por cá optou-se por ceder aos lobbies dos hipermercados

terça-feira, julho 27, 2010  

Enviar um comentário

<< Home

Divulgue o seu blog!