A chico-espertice como arma eleitoral
"CDS e Bloco de Esquerda não entregaram os programas eleitorais até terem começado os debates televisivos.
A jogada permitiu a Portas e Louçã passarem por alguns importantes debates (com José Sócrates e Passos Coelho) sem o ónus associado que um compromisso eleitoral representa. Circunstância que conferiu aos "faltosos" uma vantagem desleal: os adversários tinham pouco a que se agarrar no momento de discutir ideias.
Que o Bloco de Esquerda tivesse feito uma jogada destas, não admira: Louçã está em quebra e precisa de todos os truques para não se afundar. Mas de Paulo Portas, que dirige um partido-chave para uma futura solução governativa, esperava-se mais. Em termos de postura e de conteúdo do manifesto eleitoral (não um programa), que apresentou no último fim-de-semana.
Senão veja-se o que propõe o partido em matéria de peso do Estado e taxa social única (TSU), as duas questões mais discutidas na campanha. No primeiro caso, o CDS diz que se for Governo dará 90 dias aos ministérios para identificarem os organismos que devem ser fechados ou integrados. É pouco: toda a gente sabe o que o Estado precisa de fechar: basta consultar o estudo de Pina Moura, feito há dez anos, para perceber que o que falta mesmo é... fazer. E para isso é preciso ser claro... no programa eleitoral.
Na TSU, o CDS é ainda mais parco. Limita-se a dizer que sem estudos não pode fazer propostas sérias. É pena ver um partido que em tempos teve grandes ideias para reformar Portugal apostar neste quanto-menos-disser-menos-me-queimo-nas-eleições. Portas é sabido, quer ganhar a liderança da direita portuguesa. Mas não é desta maneira que lá vai chegar. "
Camilo Lourenco
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