quarta-feira, maio 11, 2011

A primeira derrota de Sócrates

"Paulo Portas mostrou no debate da TVI como se pode bater o "animal feroz".
A sua estratégia, assente em dois pilares, tinha um único objectivo: descredibilizar o 1º ministro, associando-o ao desastre financeiro que tornou Portugal um protectorado da União e confrontando-o com a inconsistência do seu próprio discurso.

Portas insistiu, até à exaustão, no disparo da dívida pública, na bancarrota iminente da República, na comparação (desfavorável) com os parceiros do Euro, na subida do desemprego (sobretudo dos jovens)... Depois confrontou Sócrates com declarações da Troika (Portugal devia ter pedido ajuda mais cedo), do ministro das Finanças (só há dinheiro até final de Maio), com o artigo de Wolfgang Munchau no FT ("Não se pode gerir uma união monetária com governantes como Sócrates") e lembrou o célebre "não governo com o FMI".

Sócrates foi colhido de surpresa. E tirando alguns momentos em que recuperou a iniciativa (como quando lembrou o caso dos submarinos e atacou o CDS por não ter ainda programa), acabou refém dos próprios erros: a tirada para explicar porque jurou não governar com o Fundo não deve ter convencido nem a mãe; a desculpa sobre não ter lido o Financial Times foi deprimente (e cheirou a mentira…). Mas onde Sócrates baqueou fragorosamente foi no corte das pensões mais baixas, associado ao PEC IV: o 1º ministro desmentiu ter pensado em cortá-las, mas Portas atirou com documentos do próprio governo que mostram, apesar do discurso alterado, que o corte esteve mesmo em cima da mesa.

Moral da história: a tarefa de Passos Coelho, que vai ser o último a debater com Sócrates antes das eleições, ficou muito mais difícil
…"

Camilo Lourenço

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