O murro no estômago
"Onde o autor alinha no coro verdiano contra a "Moody "s", seus lacaios e quem a apoiar, exibindo a perplexidade que outros quase tão sábios ostentam, desde o Presidente da República até ao da União Europeia, faz uma chamada às armas à nação valente, propondo um desembarque em Nova Iorque, mas sugere também uma explicação para a ignara nota com que fomos brindados).
Este corte da notação do risco da dívida nacional, em quatro níveis, para Ba2, não é brincadeira nenhuma e estou a usar esta linguagem matizada para não romper aos soluços. Nem é bem a quantidade de degraus que é chocante, mas a de entrar no nível de "lixo", isto é, aquele em que os investidores são advertidos que comprar dívida portuguesa já não é um investimento mas uma mera especulação, e aceitá-la como garantia de qualquer empréstimo revela idêntica imprudência. O financiamento da economia torna-se ainda mais problemático e caro e a riqueza dos portugueses diminui fortemente, pois tudo no país é aferido em função da valia financeira do Estado. A queda das bolsas surge imediatamente, mas é o valor de toda a propriedade, mobiliária ou imobiliária, que sai corroída. A hierarquia da dívida portuguesa tem vindo a cair nos últimos tempos de maneira retumbante, mas, fora os estertores de quem dizia e pensava que não tínhamos uma crise interna, recusando a imputação como os condenados nas prisões que se dizem sempre inocentes, a verdade é que as análises eram obviamente correctas, mais coisa menos coisa, e a atitude avisada era obviamente mudar de vida e não entrar no protesto militante a que ninguém no mundo liga pevide. Mas agora, mesmo aceitando os pontos de análise mais desfavorável, fica por explicar a amplitude e oportunidade para este diagnóstico da "Moody's".
As agências de notação nunca mais vão largar o labéu de andar a classificar com AAA entidades realmente falidas, durante a crise de 2008, mas, curiosamente, esse povo apenas vivia no engano ledo e cego em que toda a gente, principalmente os peritos, andavam mergulhados, não percebendo nada dos produtos altamente alavancados em que o risco parecia desaparecer com engenharia financeira desenhada por génios da matemática e da física. Sabia o leitor que o investidor individual que mais perdeu com a falência do Lehman's foi o próprio CEO do banco, que afinal estava tão a leste de tudo como o Secretário do Tesouro dos EU? Pensar que a gente do "rating" ia mais além na amplitude da sabedoria era completamente despropositado e nem seria necessário estar lá o Constâncio. Dizia um jornalista do "Wall Street Journal" que não resulta por gente que ganha salários de 5 algarismos a avaliar gente que ganha 7 algarismos.
O certo é que as agências não foram esquecidas mas ficaram quase perdoadas porque a tarefa que realizam é completamente imprescindível na vida financeira e nem é a dos tubarões da especulação mas de todos, desde os Estados às donas de casa japonesas e aos fundos de pensões que gerem as reformas dos trabalhadores. O que se percebe mal é como se mantém tudo em oligopólio quando o mercado é tão vasto e retributivo. Este funcionamento deficiente provoca inevitavelmente distorções quando existe tal distanciamento para o que é um mercado perfeito, mas é assim que estamos e nem é por isso que o infeliz Ba2 nos é tão prejudicial.
Basta pensar como certas avaliações de acções por casas de investimento influenciam as cotações das ditas e aqui até se sabe por evidência empírica que o desacerto geral é a regra . A questão é ter ou não credibilidade e importância, e o que se vê é que, no meio dos erros, a "Moody's" não as perdeu, doutro modo o clamor europeu não era tão intenso, nem dava para o tempo. À parte as teorias da conspiração, as razões da "Moody'" estão todas lá e nem sequer se dá ênfase adequado ao facto de a despesa pública ter aumentado fenomenalmente ao ponto de o limite máximo fixado para o final do ano já ter sido ultrapassado . Realmente, a possibilidade de um 2º pacote é mais que sabida; a hipótese de perdas para os investidores, sendo estes constrangidos a participar na operação de salvamento como se desenhou para a Grécia, está contida na hipótese (1); a eventualidade de as metas do défice não serem atingidas permanece. Mas…"What' s new, pussycat"?
Depois ocorreu-me uma razão, ao lembrar-me de um título da Reuters de 15 de Março passado: "Moody's reduz o rating de Portugal, depois de Sócrates falar" (sic). Então se calhar é isso, os tipos pensam que o homem ainda é primeiro-ministro."
Fernando Braga de Matos
6 Comments:
Ora vivam!
Ainda mexem?
Depois das eleições ficámos satisfeitos, Sócrates foi para Paris num exílio dourado, sem dinheiro, porque disse que o que ganhou, gastou, no entanto, como Soares,frequenta os bairros ricos de Paris e os seus bons e caros restaurantes e cafés, para estudar filosofia... Que aprenderá Sócrates de filosofia?
Depois, perguntarão alguns então safou-se, não vai ser julgado por crimes contra o Estado e contra a Nação Portuguesa só porque foi eleito por uma minoria da população?
Entra então Coelho e diz:
Não quero falar do passado.
Então, não fala na dívida soberana ou melhor na dívida odiosa?
O que quer dizer então Coelho?
Que uma esponja apagará tudo, mas que a dívida tem de ser paga.
Mas que dívida?
Será este o valor de que falam?
Onde está uma comissão de auditoria indepente para saber quanto é, a quem e se temos que pagar? Não, não é uma comissão da Assembleia, dessas já estamos fartos de saber que são dependentes, trabalham para os credores.
Em vez de dívida soberana vamos chamar-lhe de dívida odiosa.
Porque não quer Coelho falar no passado?
Se não quer saber do passado, então não temos dívida alguma, foi perdoada e se a houver não deve ser paga, não é ele o PM deste país?
Não pagamos então.
Porque sofremos de amnésia em relação à dívida soberana e o PM não quer saber do passado, porque não quer que saibamos que os seus amigos também para ela contribuiram. Dói?
Pois é a verdade.
Coelho é sério eu também sou.
Perdi a memória.
Dos estádios do Euro, das auto estradas feitas com o erário público e dadas aos amigos,aos submarinos mal construídos, aos F16 que não voam, às missões da NATO, contra gente indefesa,aos outsourcings vergonhosos dos ministérios, aos jobs for the boys, mas pagos pelos que pagam impostos e agora ainda impostos extraordinários, sem apontar um único dedo aos causadores da dívida. Uma montruosa dívida odiosa e uma monstruosa lesão do lobo frontal com perda de memória vastíssima. Não se fala no passado, apaga-se e fica o quadro negro da minha saudosa escola do tempo do Dr Oliveira Salazar, que Deus o tenha em descanso.
Dr Coelho, pergunte à UE, ao camarada Durão, líder da classe operária e aos tipos da troika se temos ou não dívida, porque no fim do ano saberá, não é necessário ser economista para sabe,r que é imossível pagar, mas os custos depois de se saber que não é possível pagar, serão imensos.
O maior e mais criminoso:
Diminuição da esperança de vida dos portugueses. Pergunte os Prof, Cavaco, ele sabe porque fez a política do escudo forte, a dívida vem desde aí também.
Fico por aqui.
Querem postar?
Façam, favor. O meu partido não existe, ou antes é Portugal.
Temos liberdade?
Vamos tendo, mas perdemos há muito a independência graças aos crápulas que nos têm governado desde o fatídico Abril de 1974.
Os crápulas dos quadrantes todos, sem excepções, sim, esses também!
TOUPEIRA
www.youtube.com/watch?v=DXuBYn9Vccw
Senhor Matos vá para o Mato, faça-nos esse favor, somos todos parvos.
Geithner o ilusionista do Goldman, agora Sec do Tesouro americano, nunca foi julgado pelos crimes que cometeu, de especulação, seria bom sevier em visita à Europa prender o tipo e algemá-lo com fizeram com DSK, mas a Europa não existe e o Euro vai com os porcos, foi criação americana e da indústria financeira dese país onde a pirataria é feita pelos poderosos.
As agências avisam, vejam lá e eles sobem a fasquia da dívida até à estratosefera.
Quem pode pode.
Nós temos o Trichet, o Barroso e outros verbos e coisas tipo mordomos do poder da finança que destriurá Europa excepto a GB.
Diz Geithner, já com arrogância e a mostrar os dentes e sem a falta de palavras que teve no inquérito do senado depois da falência dos bancos americanos em 2008:
O que, obviamente, a Europa precisa de fazer é actuar mais fortemente para conter o risco de escalada da crise na Europa”, disse Geithner hoje numa entrevista ao canal norte-americano CNBC.
O secretário-geral do Tesouro norte-americano reconhece que os responsáveis europeus “tomaram uma série de medidas” nas últimas semanas, referindo-se às discussões em torno do segundo pacote financeiro que o eurogrupo está a desenhar para a Grécia, mas nota que “é preciso ver os dirigentes europeus agir agora para pôr em marcha as mudanças adicionais que contribuam para conter os riscos de uma crise mais profunda”.
A dias de uma cimeira extraordinária de líderes da zona euro, em Bruxelas, onde vão tentar concluir o plano adicional de assistência a Atenas, Geithner considera que os dirigentes “têm os meios para alcançar [um compromisso] sem penalizar a economia mundial”.
Pois Mr Geitner sabe exactamente do que fala, tem a experiência dos homens do Goldman.
Vergonha, não tem nem precisa.
A Europa deixa que o Secretário do Estado do Tesouro americano interfira nos assuntos internos da Europa, porque quem fez a Europa se esqueceu que ra preciso criar um Estado federado, com moeda e forças armadas a sério, não com presidentes como o francês, a chanceler, o italiano e o espanhol e o inerranável Barroso.
Sancta simplicitas, dizia o mártir a uma velhinha que atirava uma acha para a fogueira onde seria imolado, assim faz Geithner.
Com aliados destes quem precisa de inimigos? It's only money...
Bem vou criar o meu Blog.
Passem bem.
Muito grato a todos.
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