Nacionalização da banca? Como...?
"A Associação Portuguesa de Bancos (APB) queixou-se a Bruxelas dos termos fixados pelo Governo para a capitalização da banca. A "queixa" não teria nada de extraordinário não fosse a APB comparar o diploma com as nacionalizações de 1975. Como ? Nacionalizações ? 75 ?
Vejamos. Em 75 o Estado esbulhou os accionistas. Tirou pela força, não pagou e ainda proscreveu empresários. Compare-se isto com a recapitalização. Primeiro: há uma lei. Segundo: não há roubo. Terceiro: dá-se a oportunidade, aos banqueiros, de irem buscar capital a outro lado antes de irem ao Estado.
Utilizar as nacionalizações para levar Bruxelas a forçar a mão do Governo e do Banco de Portugal é um exagero (isto é um grande eufemismo). Se o presidente da APB não percebe isso que pergunte, por exemplo, a Ricardo Salgado, cuja família foi vergonhosamente espoliada em 75.
Concentremo-nos agora no essencial: o dinheiro que entrar nos bancos é dinheiro dos contribuintes. E, por isso, o Estado tem obrigação de garantir que ele é 1-bem utilizado, 2-que o contribuinte o vai receber de volta. E isso implica fiscalizar.
É a solução ideal? Não. Nunca é bom ver o Estado metido em empresas (a ideia de obrigar a financiar as PME é um disparate). Até porque a tentação de utilizar os bancos para fazer fretes (veja-se o calvário da CGD ) será enorme. Sobretudo quando houver eleições... Mas é precisamente por isso que faz todo o sentido tirar o Estado dos bancos o mais depressa possível. Três anos é pouco para devolver o dinheiro? Depende da gestão e depende da vontade de ter novos accionistas. Isso é chato para os actuais? É. Mas o capital dos bancos é um bem público. Ou não?"
Camilo Lourenço
Vejamos. Em 75 o Estado esbulhou os accionistas. Tirou pela força, não pagou e ainda proscreveu empresários. Compare-se isto com a recapitalização. Primeiro: há uma lei. Segundo: não há roubo. Terceiro: dá-se a oportunidade, aos banqueiros, de irem buscar capital a outro lado antes de irem ao Estado.
Utilizar as nacionalizações para levar Bruxelas a forçar a mão do Governo e do Banco de Portugal é um exagero (isto é um grande eufemismo). Se o presidente da APB não percebe isso que pergunte, por exemplo, a Ricardo Salgado, cuja família foi vergonhosamente espoliada em 75.
Concentremo-nos agora no essencial: o dinheiro que entrar nos bancos é dinheiro dos contribuintes. E, por isso, o Estado tem obrigação de garantir que ele é 1-bem utilizado, 2-que o contribuinte o vai receber de volta. E isso implica fiscalizar.
É a solução ideal? Não. Nunca é bom ver o Estado metido em empresas (a ideia de obrigar a financiar as PME é um disparate). Até porque a tentação de utilizar os bancos para fazer fretes (veja-se o calvário da CGD ) será enorme. Sobretudo quando houver eleições... Mas é precisamente por isso que faz todo o sentido tirar o Estado dos bancos o mais depressa possível. Três anos é pouco para devolver o dinheiro? Depende da gestão e depende da vontade de ter novos accionistas. Isso é chato para os actuais? É. Mas o capital dos bancos é um bem público. Ou não?"
Camilo Lourenço
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