Pânico nas trincheiras
"Portugal está sob um intenso tratamento de psicologia de guerra. Mas de uma guerra perdida. O mote foi dado pelo líder. Temos de empobrecer. Ou, em alternativa, temos de sair do País.
Se já não bastassem estes desígnios inspiradores, os portugueses passaram de ano a ser bombardeados com mensagens de pânico. Cuidado, vem aí 2012. Sobe isto, austeridade aquilo, o ano mais difícil da história da democracia, vai ser terrível. Pois vai. Mas já estava a ser. Ninguém tinha reparado?
Já estava a ser para milhares de pequenos e médios empresários, que não podem contar com o Estado para lhes pagar a horas o que deve, mas que é cego na hora da cobrança. Ou para negócios familiares, cujos donos passaram a ser recebidos com sorrisos envergonhados pelos gestores de conta no banco lá da rua, antes poderosos, agora impotentes. Já estava a ser terrível para os trabalhadores e patrões da construção, em crise profunda de desemprego e falências. Já estava a ser para os pensionistas, a maioria sem dignidade sequer para ser vítima da última vaga de austeridade.
Agora, o aperto chega à classe média que estava alta e, de repente, vai ficar mais baixa, agachada nas trincheiras onde o País que ficou resiste. Chegam à trincheira sem as suas paletes de Coca-Cola, água engarrafada ou Compal Néctar de Pêssego, mas carregados de pacotes de leite achocolatado, a bebida da austeridade.
Na guerra, os líderes lideram. Para tentar evitar o pânico entre os soldados, estimular o fraco moral e dar coragem. Neste Portugal sob ataque impiedoso dos números, disparam os impostos, aumenta a educação e a saúde, cortam-se os subsídios. O pânico é cúmplice da estratégia. A psicologia é a do susto. Preparem-se para sofrer, desertem, paguem. Tenham medo.
Quando for preciso sair das trincheiras para o combate inevitável pela restauração da independência económica, moral e política, os líderes deste Portugal arriscam ficar sozinhos no campo de batalha, incapazes de mobilizar um País que, cansado do susto, já ficou mercenário, a lutar a sua própria guerra pela dignidade a troco de quem lhe pagar mais. E, de preferência, em dinheiro"
Pedro Ferreira Esteves
Se já não bastassem estes desígnios inspiradores, os portugueses passaram de ano a ser bombardeados com mensagens de pânico. Cuidado, vem aí 2012. Sobe isto, austeridade aquilo, o ano mais difícil da história da democracia, vai ser terrível. Pois vai. Mas já estava a ser. Ninguém tinha reparado?
Já estava a ser para milhares de pequenos e médios empresários, que não podem contar com o Estado para lhes pagar a horas o que deve, mas que é cego na hora da cobrança. Ou para negócios familiares, cujos donos passaram a ser recebidos com sorrisos envergonhados pelos gestores de conta no banco lá da rua, antes poderosos, agora impotentes. Já estava a ser terrível para os trabalhadores e patrões da construção, em crise profunda de desemprego e falências. Já estava a ser para os pensionistas, a maioria sem dignidade sequer para ser vítima da última vaga de austeridade.
Agora, o aperto chega à classe média que estava alta e, de repente, vai ficar mais baixa, agachada nas trincheiras onde o País que ficou resiste. Chegam à trincheira sem as suas paletes de Coca-Cola, água engarrafada ou Compal Néctar de Pêssego, mas carregados de pacotes de leite achocolatado, a bebida da austeridade.
Na guerra, os líderes lideram. Para tentar evitar o pânico entre os soldados, estimular o fraco moral e dar coragem. Neste Portugal sob ataque impiedoso dos números, disparam os impostos, aumenta a educação e a saúde, cortam-se os subsídios. O pânico é cúmplice da estratégia. A psicologia é a do susto. Preparem-se para sofrer, desertem, paguem. Tenham medo.
Quando for preciso sair das trincheiras para o combate inevitável pela restauração da independência económica, moral e política, os líderes deste Portugal arriscam ficar sozinhos no campo de batalha, incapazes de mobilizar um País que, cansado do susto, já ficou mercenário, a lutar a sua própria guerra pela dignidade a troco de quem lhe pagar mais. E, de preferência, em dinheiro"
Pedro Ferreira Esteves
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