Um país de clientes
"Um dia Fred Astaire e Count Basie encontraram-se antes de um concerto de jazz. O diálogo ficou na história. Basie: "Acho que deveríamos começar". Astaire: "Certo, tu tocas e eu danço". Basie: "Não, tu danças e eu toco".
A linguagem do jazz não era muito diferente da que criou o contrato social democrático. Antigamente os cidadãos pagavam impostos ao Estado em troca de segurança. O Governo português é hoje incapaz de cumprir esse acordo. Pede impostos atrás de impostos e, em troca, garante cada vez menos segurança. Nem emprego, nem saúde, nem transportes, nem reformas. Ou seja, o pacto social sobre o qual assentava esta democracia, faliu.
Os cidadãos, aos olhos do Governo, são hoje unicamente clientes. O Estado entrou em incumprimento. Pede mais em troca de menos. A sociedade tem de emagrecer, mas isso implica também que o Estado não gaste tanto em coisas desnecessárias e se foque no essencial. O elástico social está já demasiado esticado para que não rompa sem controlo. Ninguém na Europa ou na troika parece estar preocupado com o desemprego ou com a falta de crescimento económico.
O discurso político é de marcha fúnebre. Por isso, Cavaco Silva fala da "situação social insustentável" que pode surgir ao dobrar da esquina como um larápio desesperado. O Governo está a fazer do aumento generalizado de impostos até níveis alucinados a sua única política. Só que, sem dinheiro, os clientes não compram.
E um dia destes percebem que não vale a pena trabalhar em troca de nada. O Governo deixou de garantir a segurança e futuro. Assim para que é que serve o Estado e a democracia?"
Fernando Sobral
A linguagem do jazz não era muito diferente da que criou o contrato social democrático. Antigamente os cidadãos pagavam impostos ao Estado em troca de segurança. O Governo português é hoje incapaz de cumprir esse acordo. Pede impostos atrás de impostos e, em troca, garante cada vez menos segurança. Nem emprego, nem saúde, nem transportes, nem reformas. Ou seja, o pacto social sobre o qual assentava esta democracia, faliu.
Os cidadãos, aos olhos do Governo, são hoje unicamente clientes. O Estado entrou em incumprimento. Pede mais em troca de menos. A sociedade tem de emagrecer, mas isso implica também que o Estado não gaste tanto em coisas desnecessárias e se foque no essencial. O elástico social está já demasiado esticado para que não rompa sem controlo. Ninguém na Europa ou na troika parece estar preocupado com o desemprego ou com a falta de crescimento económico.
O discurso político é de marcha fúnebre. Por isso, Cavaco Silva fala da "situação social insustentável" que pode surgir ao dobrar da esquina como um larápio desesperado. O Governo está a fazer do aumento generalizado de impostos até níveis alucinados a sua única política. Só que, sem dinheiro, os clientes não compram.
E um dia destes percebem que não vale a pena trabalhar em troca de nada. O Governo deixou de garantir a segurança e futuro. Assim para que é que serve o Estado e a democracia?"
Fernando Sobral
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