Somos os maiores.
"Somos os maiores, como repetem os entusiastas da bola? Depende da actividade: um relatório da organização Transparência Internacional (TI) coloca-nos de facto nos primeiros lugares europeus em matéria de corrupção. Segundo a TI, os nossos poderes públicos são tão ineficazes, negligentes e corruptos que se tornam indissociáveis das origens da crise vigente. Em Portugal (e na Grécia, Itália e Espanha), o Estado serve sobretudo aqueles que o dominam e que, mediante habilidade para fintar as leis ou, na maioria dos casos, para conceber leis que os favoreçam à partida, estabelecem um interessante tráfico de influência e uma curiosa rede de interesses, às vezes partilhada com os partidos, outras vezes com o sector a que eufemisticamente se chama privado. Em suma, na prática mediterrânica e muito nossa, os vícios do estatismo revelam-se ainda mais sinistros do que na teoria. Não é grande novidade.
A existirem, as novidades passam pelos métodos utilizados na alimentação dos vícios, leia-se a remoção de rendimentos aos legítimos proprietários, também conhecida por fiscalidade. Esta semana, foi notícia a cooperação entre a Direcção-Geral de Impostos e a PSP, que segundo o jornal i começou, ou prepara-se para começar, a apreender os carros cujos condutores possuam dívidas fiscais.
É uma ideia brilhante, e um precedente para o dia feliz em que as autoridades nos abordem na rua a pretexto de uma divergência no IRC, nos sequestrem familiares até que paguemos o IMI e nos incendeiem a casa a título de represália por atraso na prestação à Segurança Social. As regras são para se cumprir, pelo menos enquanto houver quem fique por cá a cumpri-las. E, se a coerência mandar, os muitos que temem a "ofensiva" ao imprescindível papel do Estado ficarão. "
Alberto Gonçalves
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