domingo, fevereiro 08, 2004

Livro V da Nova Bíblia.

Da autoria de "Inepcia".

Livro que relata a vida do patriarca Agriãao e que, hoje em dia, hermeneutas experientes consideram ter sido escrito sob o efeito de alucinógeneos.
O Senhor disse a Agriãao: "Sai da tua terra, da terra dos teus pais, da terra dos teus avós, da terra dos teus bisavós, etc, etc e dirige-te para a terra que te indicar, onde farei do povo de Asrael, um povo que dominará todos os seus vizinhos com a minha benção." Agriãao era um líder nato e o homem mais justo, recto e cumpridor dos mandamentos divinos.

O único problema de Agriãao era que não podia ter filhos, pois a sua legítima esposa, Tara era ésteril, o que a ambos trazia grande amargura. O senhor quis recompensar Agriãao, por ser tão bom, e providenciou para que tivesse um filho, o que muito lhe agradou.
Passados os meses que a natureza determinou para estas coisas da reprodução, a mulher de Agriãao deu à luz um bonito rapaz a que chamaram Iraac, apesar de ter havido uma certa hesitação entre este nome e Carlos Paulo.

Alguns meses após o nascimento de Iraac, o Senhor anunciou a Agriãao que a sua mulher iria conceber outro filho. Agriãao, mais uma vez ficou muito contente com a nova e Tara acompanhou-o na alegria. Só que, desta vez, não era a sério. Por esta altura, o Senhor havia desenvolvido um sentido de humor particularmente apurado e tudo não passava de uma brincadeira.

Agriãao partiu assim na peegrinação que o Senhor lhe havia ordenado e fixou-se na cidade de Acetoma, uma cidade rica e próspera vizinha da igualmente poderosa cidade de Modorra. Em toda a antiguidade, não havia povo que melhor se soubesse divertir do que os habitantes de Acetoma e Modorra.

As suas festas eram lendárias e atraíam pessoas vindas de muito longe. Isto irritava particularmente o Senhor, não por considerar que as festas eram pecaminosas, nada disso, mas, muito simplesmente, porque os organizadores das festas, bailes de máscaras, banquetes, orgias e afins nunca o convidarem, pois nunca pensaram que Deus Todo-Poderoso tivesse inclinação para este tipo de divertimento mundano.

O Senhor estava a ficar roxo de inveja e, por isso, decidiu destruir as duas cidades e todos os seus folgazões habitantes. Antes disso, chamou até si Agriãao, que resolvera poupar por pena, já que este era um homenzinho particularmente monótono, e disse-lhe: "Agriãao. Deixa a cidade de Acetoma com os teus, pois tomei a decisão de a destruir e a todos os seus habitantes.

Destruirei também a cidade de Modorra pelo fogo, pelo enxofre e por outras coisas pouco agradáveis porque não me caíu bem a vida de libertinagem e pecado que as pessoas lá levam". Como é óbvio, Deus não ia dizer a Agriãao o verdadeiro motivo da sua atitude. Agriãao respondeu: "Mas, Senhor, eu sou apenas um servo, um reles mortal, um verme, um monte de pó...", "Anda lá com isso", disse o Senhor, pois tinha uma agenda muito ocupada.

Agriãao prosseguiu: "Enfim, eu não sou ninguém, mas não quererás reconsiderar esse teu gesto? Pensai nos justos que partilham o espaço com os pecadores". O Senhor replicou: "Se lá encontrares 50 justos, não destruirei as cidades." "Então e se forem só 45?", tornou Agriãao. "Idem", disse o Senhor. "E que tal 40?" inquiriu Agriãao. "Muito bem", condescendeu o Senhor. "30?", regateou Agriãao. "Claro", condescendeu o Senhor.

No entanto, Deus pensou, por momentos, e viu que o negócio não lhe era muito favorável. "Vamos fazer antes assim" disse, "em vez de 30 justos, para que não lance a minha fúria sobre as cidades de Acetoma e Modorra, basta que encontres 15 malabaristas ventríloquos que saibam cantar com voz de falsete e imitar o canto de acasalamento do alce e dois pinguins."

Agriãao voltou para casa e procurou desesperadamente aquilo que o Senhor lhe havia indicado, mas sem sucesso, o que não surpreendeu já que o malabarismo ainda não tinha sido inventado, não havia alces naquelas paragens e muito menos pinguins.
Então, o senhor advertiu Agriãao que era chegada a hora de abandonar a cidade, o que este fez sem hesitar, levando consigo a sua família, um seu sobrinho de nome Pot e a mulher.

Pot deixou a cidade depois de Agrãao e só o alcançou mais tarde. Como vinha sozinho, Agriãao perguntou-lhe o que tinha acontecido à esposa. Pot respondeu que a coitada não tinha resistido a olhar para trás quando fugiam e foi transformada numa estátua de sal. A verdade é que a mulher de Pot era particularmente chata e a razão do atraso de Pot foi ter estado a fechá-la na despensa.

O Senhor sempre soube a verdade mas perdoou Pot pois até aos olhos de Deus a sra. Pot parecia insuportável.
Tendo ficado muito tempo sem falar com Agriãao, o Senhor voltou a chamá-lo e disse-lhe: "Vai buscar o teu filho Iraac e sacrifica-o em minha honra." "A sério?", quis saber Agriãao. "A sério", respondeu o Senhor, tentando conter uma gargalhada.

Agriãao apressou-se a ir a casa buscar o seu filho e a colocá-lo num altar onde seria sacrificado. Iraac, como era uma criança um pouco apática, nem sequer resistiu. Quando Agriãao já erguia o punhal, a voz de Deus ouviu-se. "Mas que estás tu a fazer?", perguntou. "Faço o que me ordenastes, Senhor, sacrifico o meu filho Iraac.", respondeu Agriãao.

"Mas tu nem uma piada, percebes?", disse o Todo-Poderoso "sacrifica antes esse cordeiro que está aí atrás de ti." "De certeza?" , perguntou Agriãao. "SIM", gritou o Senhor e, a partir daí, desistiu de partilhar o seu sentido de humor com Agriãao, pois com gente chata não há brincadeira que aguente.


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