terça-feira, fevereiro 10, 2004

Livro VI- O êxodo

Da autoria de "Inepcia".

"O êxodo", uma narrativa da libertação do povo erveu do jugo egípcio é dos poucos textos do Livro Sagrado de autor conhecido. A autoria deste livro poderá ser atribuída, sem qualquer tipo de dúvida, ao grande ensaísta, dramaturgo e poeta hitita, Raman-Kash de Til Barsip, autor, entre outras obras marcantes, do poema épico "A Epopeia de Tarnabril, o onanista" e de vários episódios da telenovela venezuelana "Corazón Latino-La vida de una rubia".


Naquele tempo, os descendentes de João e Elsa que tinham escolhido para si o nome de Erveus, habitavam nas terras do Egipto. O rei do Egipto era um homem mau e nada agradável para com os seus súbditos Erveus. Pouco depois da sua chegada ao Egipto, já os Erveus eram perseguidos e atormentados pelas sevícias do rei.

O rei tinha dois filhos. A um, o mais velho, chamou Ruben Eduardo Michel, pois o bom gosto só seria inventado no século seguinte. Ao mais novo, que tinha sido encontrado pela mulher do faraó a boiar no Nilo num cesto de vime e que era, na realidade um dos Erveus, chamou Mousés.

Quando o velho rei morreu, o seu primogénito subiu ao trono e passou a governar o Egipto como o seu pai havia feito.
Mousés, ao ver como o seu povo era tratado, revoltou-se contra o irmão e contra a autoridade estabelecida, assim criou Deus o adolescente rebelde, e juntou-se aos seus irmãos Erveus, fundando o PSR (Partido Semita Revolucionário).

Um dia, quando Mousés apascentava o gado de seu sogro, viu um arbusto que parecia arder sem se consumir. Era Deus que se revelava e comandava a Mousés que fosse junto do faraó pedir-lhe que libertasse o seu povo.

Mousés assim fez. Infelizmente, o espírito de Deus abandonou o arbusto sem apagar o fogo e este consumiu na totalidade as vastas florestas do Egipto, transformando-o num deserto. Assim, criou Deus o incêndio florestal.
Mousés foi ter com o faraó e transmitiu-lhe a mensagem de Deus. Como prova da verdade das suas palavras, lançou a sua vara ao chão e esta trasformou-se numa serpente. Pouco impressionado, o faraó mandou chamar o mago da corte que fez desaparecer a serpente, levitou por cima do Grand Canyon, atravessou a grande muralha da China, fez desaparecer um avião e casou com uma top model alemã.

Mousés retirou-se envergonhado.
Como o faraó não tinha cumprido a vontade divina, Mousés voltou para o avisar de que o Senhor lançaria pragas sobre o Egipto para que o faraó acedesse a libertar os Erveus.
A primeira praga foi a transformação das águas do Nilo em sangue. Isto só veio melhorar a culinária egípcia pois a canja que faziam com a água do seu rio adquiriu um melhor paladar. Assim, foi criado o frango de cabidela.

A segunda, terceira, quarta e quinta pragas consistiram, respectivamente, em grandes números de rãs, mosquitos, moscas venenosas e gafanhotos. Estas pragas não tiveram grande resultado porque as rãs devoraram os insectos e foram depois vendidas com grande lucro a uma tribo de cozinheiros franceses nómadas de passagem pelo Egipto.

Como sexta praga, Deus eliminou os furos de todos os cintos que existiam no Egipto, esquecendo-se, no entanto, de um pequeno pormenor. No Egipto ninguém usava calças e os cintos pouco faziam pelas túnicas.
Como sétima praga, Deus lançou sobre O egipto, dezenas de gigantescas pirâmides de pedra que esmagariam os incautos. Para gáudio do faraó, ninguém foi atingido pelas pirâmides e os egípcios cedo aprenderam a usar as pirâmides em seu proveito para atrair turistas.

Por esta altura, Deus começava a ficar desesperado pois nada do que fazia parecia convencer o faraó a deixar partir os Erveus. Mas os egípcios, incluíndo o faraó, estavam mergulhados numa epidemia de riso histérico incontrolável ao verem o resultado das pragas que o Deus dos Erveus lançava sobre si e pouco podiam fazer para os impedir.

Assim, os Erveus partiram para o deserto em busca da terra prometida liderados por Mousés. Uma noite, enquanto estavam acampados, Mousés subiu a um monte e recebeu de Deus duas tábuas contendo os dez mandamentos da sua lei que eram os seguintes:

-Não perseguirás o carteiro como um cão raivoso.
-Não encomendarás pizzas para casa de desconhecidos que as não pretendam.
-Não embalsamarás o joelho do próximo.
-Não cobiçarás a colher do próximo.
-Não engordarás um frade capuchinho só pelo gozo de o ver rebentar como um balão enquanto canta a "Marselhesa".
-Não usarás preservativos com sabores como sobremesa em lares de terceira idade, convencendo os velhinhos incautos de que são gomas de fruta.
-Não andarás nu em casa se no prédio da frente viver alguém com problemas cardíacos.
-Não semearás salsichas na praia só para ver a reacção dos banhistas.
-Não usarás catecismos como base para copos em orgias romanas.
-Não usarás os mesmos catecismos para qualquer outro propósito em orgias romanas.

Ao descer do monte, Mousés escorregou e deixou cair as tábuas que se estilhaçaram. Mousés voltou a subir e explicou a situação a Deus que providenciou outras mas não com o mesmo conteúdo pois a Sua memória não andava muito boa.
No sopé do monte, Mousés viu que os Erveus, na sua ausência, tinham esculpido um enorme pónei de ouro e que o rodeavam, prestando-lhe culto através de práticas absolutamente bárbaras e incivilizadas, colocando-se de joelhos ante o ídolo, erguendo os braços para o céu, repetindo frases estranhas e sem sentido e rastejando pelo chão de um modo nada respeitador da sua integridade física.

Mousés, chocado pelo comportamento dos seus seguidores, exaltou-se e lançou o pónei dourado ao chão e gritou: "O que haveis feito, povo insensato? Não vedes que não precisais de vos envolver em tais práticas de bajulação irracional? Se quereis rastejar, fazei-lo em adoração do Deus que está no cimo deste monte."

Os Erveus logo se recompuseram da perda do seu ídolo e puseram-se a rastejar pelo chão, ao mesmo tempo que arrancavam os cabelos e batiam com a cabeça no chão, o que muito agradou aos olhos de Deus que tudo observava do alto.
Quando os egípcios pararam, finalmente, de rir, lançaram-se em perseguição dos Erveus. Para lhes barrar a passagem e pensando em futuras adaptações cinematográficas, Deus criou uma gigantesca coluna de fogo, dividiu o mar vermelho em dois e lançou contra os egípcios uma esquadrilha de naves espaciais tripuladas por extraterrestres verdes e com muitos braços. Assim criou Deus os efeitos especiais.


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