Estalou o verniz.
"À saída de Shanghai para Macau, e já a bordo do avião, o primeiro-ministro procurou os jornalistas para lhes dar um ralhete paternalista. Depois de dois dias sem comentar a crise desencadeada pelas declarações do seu ministro da Economia, Manuel Pinho, José Sócrates sentiu-se incomodado por ter sido interpelado pelos profissionais da comunicação à saída de um evento e, a seguir, foi manifestar-lhes o seu desagrado. Disse que só fala quando as coisas são previamente combinadas «como em qualquer país civilizado», e falou no mau aspecto que não quer dar num país estrangeiro. Afirmou ainda desconhecer que os jornalistas tentavam, há dois dias, obter declarações suas sobre o caso Pinho. É, no mínimo, estranho que os seus assessores não lho tenham dito.
O enguiço desta viagem à China começou logo na primeira iniciativa, terça-feira, 30, em Pequim, com as declarações de Manuel Pinho, que quis «vender» Portugal como um país de mão-de-obra barata aos investidores chineses. No dia seguinte, reafirmava a sua posição e comentava as reacções suscitadas em Lisboa, afirmando que os sindicatos são «forças de atraso».
O chefe do Governo e os seus acólitos não têm gostado da forma como a comunicação social tem feito a cobertura desta viagem de negócios. Os jornalistas têm sido, umas vezes aberta, outras veladamente, acusados de estarem a estragar esta viagem e de só noticiarem assuntos menores – como a defesa dos salários baixos e os ataques, por parte de um membro de um governo socialista, aos sindicatos, ou a tentar obter declarações sobre Direitos Humanos na China – e de não darem a devida atenção aos muitos contratos e memorandos de entendimento celebrados entre empresas portuguesas e chinesas. A jornalista da rádio pública chegou mesmo a ser acusada, por um assessor, de estar a fazer o jogo do PSD. Houve várias pessoas a ouvi-lo. Terá sido apenas uma brincadeira?
Que se saiba, em qualquer país civilizado, quem define o que tem ou não interesse editorial – o que é notícia – é o jornalista no terreno e a sua direcção editorial, não o gabinete do chefe do Governo. Costuma ser assim em democracia. Se a bem sucedida viagem de negócios ao Oriente se tornou, internamente, um fracasso mediático, a culpa não deve ser atribuída aos jornalistas, mas às declarações do ministro da Economia.
Não é por terem aceite boleia num avião fretado pelo Governo que este deve presumir poder usar os jornalistas como instrumentos de propaganda das suas iniciativas. Roubando uma expressão ao socialista João Cravinho, gostaria de concluir dizendo que jornalistas domesticáveis pertencem à classe dos animais domésticos."
Da Visão.
O enguiço desta viagem à China começou logo na primeira iniciativa, terça-feira, 30, em Pequim, com as declarações de Manuel Pinho, que quis «vender» Portugal como um país de mão-de-obra barata aos investidores chineses. No dia seguinte, reafirmava a sua posição e comentava as reacções suscitadas em Lisboa, afirmando que os sindicatos são «forças de atraso».
O chefe do Governo e os seus acólitos não têm gostado da forma como a comunicação social tem feito a cobertura desta viagem de negócios. Os jornalistas têm sido, umas vezes aberta, outras veladamente, acusados de estarem a estragar esta viagem e de só noticiarem assuntos menores – como a defesa dos salários baixos e os ataques, por parte de um membro de um governo socialista, aos sindicatos, ou a tentar obter declarações sobre Direitos Humanos na China – e de não darem a devida atenção aos muitos contratos e memorandos de entendimento celebrados entre empresas portuguesas e chinesas. A jornalista da rádio pública chegou mesmo a ser acusada, por um assessor, de estar a fazer o jogo do PSD. Houve várias pessoas a ouvi-lo. Terá sido apenas uma brincadeira?
Que se saiba, em qualquer país civilizado, quem define o que tem ou não interesse editorial – o que é notícia – é o jornalista no terreno e a sua direcção editorial, não o gabinete do chefe do Governo. Costuma ser assim em democracia. Se a bem sucedida viagem de negócios ao Oriente se tornou, internamente, um fracasso mediático, a culpa não deve ser atribuída aos jornalistas, mas às declarações do ministro da Economia.
Não é por terem aceite boleia num avião fretado pelo Governo que este deve presumir poder usar os jornalistas como instrumentos de propaganda das suas iniciativas. Roubando uma expressão ao socialista João Cravinho, gostaria de concluir dizendo que jornalistas domesticáveis pertencem à classe dos animais domésticos."
Da Visão.
5 Comments:
Esse Sócrates vai ser uma alegre surpresa...
1.A visita do Sr.Primeiro Ministro à RP CHINA é muito importante,quer no campo económico ( parcerias) quer no campo político ( Presidência PT durante o 2°Semestre de 2007).A IMAGEM do PM com a camisola de C RONALDO, associado a uma empresa PT de ponta e a uma empresa local é EXCELENTE e fará História. Vale mais do que um monte de entrevistas e powerpoints.Infelizes foram algumas declarações de membros da comitiva face a interlocutores chineses, pouco dados a "estados de alma" e com um arreigado conceito de "face". 2.É fácil estar sempre a falar dos DH. Mas, eventuais intervenções feitas noutros círculos, com discrição, são mais eficazes. Quando morriam 18 milhões de chineses de fome (no Maoismo) ninguém dizia nada.Agora,que após as Reformas do Sr.Teng a Fome foi vencida( até a ONU o reconheceu !!!) e os 90 milhões de Pobres que ainda subsistem recebem ajuda alimentar efectiva regular é que chovem críticas. 3.A notícia de que a CHINA pediu à Universidade Católica a criação dum Curso de Estudos Cristãos, cujo pedido oficial de criação foi autorizado NUM MÊS, e que será frequentado quer por Chineses da RE Macau quer por Chineses recomendados pela A. CATÓLICA PATRIOTICA,é uma EXCELENTE notícia e mostra bem que a RP CHINA tem um PRAGMATISMO ASSERTIVO. 4.A RP CHINA está fazer um esforço colossal pelo Desenvolvimento e Promoção do Povo,e as grandes Reformas do falecido Sr.Deng traduzem um PRAGMATISMO ASSERTIVO, baseado no compromisso/plataforma comum dos vários sectores, regiões e interesses chineses organizados( autoridade,realismo e nacionalismo).Ver "Assertive Pragmatism : China's Economic Rise and its Impact on Chinese Foreign Policy"(2006) do Sr.Prof. Doutor Minxin Pei(HARVARD e PRINCETON) .O texto integral pode ser gratuitamente obtido no site do Instituto FR das Relações Internacionais : www.ifri.org ( ver ASIA ).
Gostaria de ver o caso da China tratado com mais profundidade. Por exemplo que se abordasse como é possível que um país viva em aparente liberdade económica mas sem liberdade política. Como é que se formou assim de repente uma pujante economia de mercado sem que houvesse previamente capitais privados acumulados. Se é simples e sem grandes burocracias que se forma uma empresa na China. Se há, como cá, a possibilidade de criação de uma empresa num minuto. Etc. Poderá alguém pegar neste assunto?
Caros Lopes e Anibal.
Na China pouco é o que parece... NADA se consegue sem haver um "relacionamento pessoal" com gentes do PCC e sem... (entendem?).
Portugal está atrasadíssimo, em relação a outros países europeus, no conhecimento de como fazer negócios com a China. Em Portugal pensa-se no "politicamente correcto" que está errado porque os chineses estão-se nas tintas para a política comunista (que serve apenas para manter o Poder férreo). E daí o pensamento do ministro socio-marxista a "vender" o proletariado....
Bastará dizer que na China NÃO é politicamente correcto o tratamento por "camarada"?
E muito mais há para dizer....
Uma para pensarem...
Já alguem se perguntou como uma cidade como Shanghai (pop. +/- 15 milhões) é muito mais próspera do que Portugal (pop. <10 milhões)?
E isto num país "comunista".
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