sábado, março 31, 2007

Cantando e rindo

"Portugal é um País patético. A identidade e a legitimidade do regime democrático foi subitamente perturbada por um concurso de televisão – “Os Grandes Portugueses”. A vitória de Salazar deixou a Nação à beira de um colapso intelectual. Certas vozes dispersas logo declararam a “morte simbólica do 25 de Abril” e a falência do “sistema educativo”. Algumas mentes mais ilustradas logo identificaram a formação de uma tendência política “neo-salazarista” e rapidamente constituída em sindicato de voto. Finalmente, um pequeno grupo de intelectuais “desvalorizou” a escolha de Salazar e desapareceu em profunda reflexão. Bastaram 65,290 telefonemas, e a confiança do Portugal democrático desceu ao nível de um programa de televisão e perdeu.

No entanto, o resultado poderá ter algum significado político. E desde logo pelo simples facto da História ter sido a grande ausente do programa. Em cenário histórico, o concurso tratou quase sempre de política. As figuras desfilaram ao ritmo das convicções políticas dos “defensores”, pequenas figuras históricas que ficaram resumidas a um conjunto de lugares-comuns, entre o caricato e o ridículo. O programa “Os Grandes Portugueses” serviu para evidenciar o sectarismo da política à portuguesa, a divisão do País entre “vilões” e “virtuosos”, a instrumentalização da História pela política. Quando quase todas as biografias continuaram a multiplicar a visão histórica do Estado Novo, a suprema ironia da vitória de Salazar serve apenas para confirmar a ortodoxia do programa.

Mas a comoção política da Esquerda surpreende pelo excesso. Convirá referir que, para a Direita, a figura de Salazar estará morta e não alimenta inspirações políticas. No entanto, Salazar continua a ser uma “referência” incontornável da Esquerda em Portugal. Mais do que uma “referência”, a figura de Salazar pertence por direito à “identidade” da Esquerda – o símbolo da ditadura, a ameaça da tirania e a sombra do fascismo sem os quais o projecto de Esquerda deixa de fazer sentido. A “reabilitação” de Salazar implica um sério abalo na “teoria” e representa a marca de uma conspiração que só poderá sonhar com a restauração simbólica do Ditador. Eis um sinal dos tempos – orfãos de Marx, de Lenin e de Stalin, a Esquerda encontra-se finalmente orfã de Salazar.
"

Carlos Marques de Almeida

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

OS PORTUGUESES NÃO QUEREM SALAZAR DE NOVO OS PORTUGUESES ,AGORA QUEREM É ABORTOS, CASAMENTOS HOMOSEXUAIS, DROGAS E FOTEBOL TENDO TODA ESTA DEMOCRACIA JÁ SÃO FELIZES

sábado, março 31, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O fantasma de Salazar persegue a esquerda.
Para a direita, Salazar, não passa de uma recordação
Ainda hoje, passados 40 anos, Salazar atormenta esta esquerda faciszante e totalitária.
Veja-se o estado apoplético da D. Odete que ao invés de defender a sua dama, injuriou os defensores de Salazar.
Ela representa bem a esquerda intolerante, traliteira e anti-democrática.
Claro que com uma esquerda destas, oportunista, (construiu a ponte sobre o Tejo numa noite) o povo vira-se para quem lhe merece confiança.
33 anos depois e à falta de introspecção, insultam um povo farto de mentiras e que cada dia que passa vê a sua vida a andar para trás.

segunda-feira, abril 02, 2007  

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