terça-feira, maio 29, 2007

PARA ONDE CORRE HUGO CHAVEZ?




















Chavez e o encerramento da TV

É um facto que quem tem o poder da comunicação, acaba por ter o poder, de o controlar, de manipular as massas.

Até nas famosas RGA's das universidades, quem tem o microfone na mão tem o poder de ser ouvido pela turba.

Um canal de rádio, um jornal de referência ou um canal de TV é apetecível pelos lucros que podem dar, e aí trata-se de um negócio, mas também formas de controlar ou condicionar o poder.

Passa-se em todo o lado.

Por cá, em Portugal, tivemos recentemente um presidente de um conhecido grupo de comunicação social que afirmou publicamente que podia produzir um presidente, como se vendesse sabonetes, isso na altura em que as audiências do canal que controlava eram esmagadoras, perante a TV pública e na altura em que o outro canal privado dava os seus primeiros passos.

E se um determinado órgão, imaginemos, uma TV com grande audiência tem uma posição política clara, terá o seu público preferencial, terá outra parte do público que a repudia, e por isso vive com base nas audiências que consegue fidelizar.

Por isso, no ocidente, apesar de grandes grupos de mídia terem propriedade sobre vastos suportes noticiosos e comunicacionais, o que se passa é que por terem apenas e só a perspectiva do lucro perante o investimento, a tendência será para que a informação seja séria e descomprometida, única forma de serem lidos, ou ouvidos, ou vistos no caso de uma TV.

Se uma TV se compromete com determinada corrente partidária, sejam pró ou contra um poder, acaba por perder credibilidade noticiosa, logo, baixa nas audiências, perde receitas de publicidade, e acaba por falir.

Em todos os países há lei de TV e regras para que as licenças sejam concedidas e depois, renovadas ou não.

Sem duvidar de algumas tendências autoritárias naturais num regime reformista/revolucionário que se está a implantar com o apoio de vastas massas populares na Venezuela, acho que o actual regime vai mal ao criar uma "vítima" dessa deriva autoritarista que a seu tempo se poderá virar contra si, a partir do momento em que as reformas de Chavez na sociedade possam não resultar como se prevê, caso os preços do petróleo nos mercados internacionais desça abaixo da fasquia dos 55/60 dólares.

Se a TV que foi encerrada era contra o governo de Chavez através da sua linha editorial era mau para ela, já que uma TV, ou um jornal devem ser isentos para terem credibilidade, ou não passarão de pasquins para serem vistos ou lidos por uma meia dúzia de fieis.

E isto independentemente da sua boa ou má programação não noticiosa que capte audiências.

Não sei bem o que se passou agora para fechar o canal, julgo que se argumenta que e os proprietários da TV em causa estiveram por detrás do golpe ou apoiaram-no.

Se foi por isso, penso que não é matéria suficiente para fechar um canal, par amais, porque em tempos, Hugo Chavez já havia tentado a sua golpada contra um regime de má memória, nos anos 90..

Um canal só deve ser fechado se violar a lei da televisão do país, e não pela sua linha editorial.

E nem sei qual é a lei da TV da Venezuela, ou se a tem, de todo.

Acho que é um ponto negativo no entanto para o regime chavista, que de mérito tinha até agora a faculdade de desenvolver uma revolução social e política, mas em liberdade e democracia.

Com este passo, passa a outro nível, o da repressão de vozes incómodas.

O que o aproxima perigosamente do autoritarismo.

E o poder absoluto, cega.

Se as suas reformas resultarem, todo de bom para o povo venezuelano, e de outros países da AL massacrados ao longo de décadas por poderes corruptos, ditaduras militares, esquadrões da morte, corrupção e caciquismo, democracias de opereta.

Mas se falhar, Chaves e seus seguidores dar-se-ão muito mal.

Por isso, acredito que seria mais vantajoso deixar a TV continuar a emitir em aberto (julgo que o processo vai agora para tribunal, e que essa TV poderá continuar a transmitir através de cabo), até que se se confirmasse que a sua informação era de fraca qualidade e tendenciosa, ela própria se descredibilizaria, perante os eventuais bons resultados das políticas de Chavez nos domínios económico e social.

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