sexta-feira, agosto 24, 2007

O Caos das Paixões

"Tivemos num País de falsas expectativas. Em que delação e a suspeição se tornaram uma moda e as instituições estão todas em crise. Em que a paixão clubística quebrou todas as barreiras e tudo infectou. A “normalidade” do mundo do futebol tornou-se a anormalidade do nosso dia-a-dia. Não temos dúvidas de que a equipa da dr.ª M.ª José Morgado, empenhada nas venturas e desventuras do chamado ‘Apito Dourado’, é constituída por pessoas tecnicamente dotadas com especiais credenciais nos domínios da investigação e do processo penal. Mas não temos quaisquer ilusões acerca do resultado final desta mediática ‘soap opera’ à Portuguesa.

São tantos os interesses que hoje giram à volta do mundo do futebol que o desejo (tornado missão) de o purificar é tão irreal (leia-se irrealizável) como o desejo de purificar o mundo da prostituição. Que, como sabemos agora, até já faz parte da família. Não admira que Pinto da Costa pelos êxitos do FCP, e inêxitos dos seus adversários, e pela mediatização de que sempre tanto gostou, e graças aos equívocos da sua vida pessoa, se tenha tornado o troféu mais cobiçado pelos caçadores de cabeças possuídos pela paixão clubística.

No imaginário da paixão futebolística todos têm, secretamente, a esperança de que destruindo-o, talvez se travem os êxitos do FCP. Os fanáticos pouco se importam com o modo como os êxitos das suas equipas são alcançados. Tudo serve. Mérito próprio ou quaisquer artifícios que nada tenham a ver com o mérito. As pessoas podem estar-se nas tintas para a situação sócio-económica do País. Podem dar-se ao luxo de dizer dos políticos que são todos iguais e encolher os ombros perante as suas mentiras, contradições e envolvimentos mal explicados. Mas, no futebol, não há cinzentismo nem lógica, Nem no campo nem fora dele. E a tentativa de racionalizar estes comportamentos levaria à destruição do próprio futebol.

Os clubes de futebol não são igrejas. Congregam crentes, mas não pregam a caridade e o amor ao próximo, nem prometem a vida eterna. Os troféus são o efémero paraíso que prometem. E lhes é exigido. Tudo o resto se esquece e perdoa. Aquilo que os nossos investigadores passam, agora, o tempo a visionar e a tentar entender já toda a gente viu e entendeu há muito tempo. Investigar ‘erros’ de arbitragem é jogar o jogo dos grandes corruptos. É olhar para a árvore para não ver a floresta. Até porque, para que o folclore continue sempre, foi assumido que os árbitros são homens e, como tal, susceptíveis de errar. Trata-se de ‘doutrina’ e ‘jurisprudência pacíficas’. O árbitro julgou “de acordo com o seu melhor critério”. Como faz qualquer juiz. Até nos tribunais. E os investigadores podem provar tudo menos intenções.

A intenção de favorecer ou prejudicar, sem confissão, é absolutamente à prova de prova! Querem agarrar os corruptos que prosperam à sombra do futebol? Deixem o espectáculo em paz e procurem onde devem. Misturar as coisas é deixar que tudo se torne menos nítido neste espesso nevoeiro de várias cores, que é a onda de paixão que já envolve e envolverá cada vez mais tudo e todos. E de que a dr.ª M.ª J. Morgado, a magistrada do MP, e a PJ começam já a sofrer os danos.

Tenho pena. Por eles. E por tudo o que poderá ficar por apurar enquanto se perseguem fantasias.
"

João Marques dos Santos

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Cada vêz é mais difícil aliviar o desconforto causado pelo conteúdo do estomago....

Por onde pára Portugal????

sexta-feira, agosto 24, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Este post foi patrocinado pela Somague.

Ganda Xoné

sábado, agosto 25, 2007  

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