Os 100 dólares não são uma surpresa.

"O facto de o preço do barril de petróleo ter passado os 100 dólares, em si, quer dizer pouco – o ouro negro já vinha cotando a preços muito altos há meses, não é mais um ou outro euro que faz a diferença.

O impacto é psicológico – em apenas dez anos o preço do barril subiu de 10 dólares para 100 dólares, o tal número que durante muito tempo pareceu mítico. Na verdade, a subida não é uma surpresa completa – já em 2005 se chegou a prever este valor – face à situação do mercado petrolífero: procura incessante, oferta limitada pelas reservas existentes (e petróleo cada vez mais caro de extrair e refinar), dólar em queda e, para coroar, uma situação geopolítica no Médio Oriente que não ajuda. Sobre todos estes factores enriquecem os especuladores – sobre todos estes factores empobrecem as economias, em particular aquelas que, como Portugal, cultivam o desperdício no consumo (60% do total). Além do risco agravado de recessão que representa para a Europa e os EUA, o petróleo caro introduz todo um mundo novo. As alterações – na política internacional, no ambiente, nas empresas e na vida quotidiana – prometem ser profundas e já se fazem sentir. "

Bruno Faria Lopes