Sem educação
"A Educação continua nas bocas do mundo. E não é pelas melhores razões.
Depois da mega-manifestação dos professores, veio o caso de violência sobre uma professora numa escola do Porto. A polémica é justificada, a forma é que deixa muito a desejar. Está a discutir-se o acessório e a esquecer-se a substância. Os intervenientes – Governo, partidos e sindicatos – disputam o campeonato da troca de galhardetes e fogem cinicamente do que interessa. Num país sem riquezas naturais, terá de ser a qualidade das gentes a fazer a diferença. Ou seja, a formação – cívica, académica, profissional – é um factor determinante de sucesso. Portanto, pede-se particular responsabilidade a todos na discussão pública.
O sistema de educação nacional é mau e não é por falta de recursos. As estatísticas da OCDE mostram que Portugal gasta como um país desenvolvido mas tem resultados do terceiro mundo. Nos ‘rankings’ internacionais, os alunos aparecem em média nas últimas posições em línguas, matemática e ciências. Aqui reside uma das causas do baixo desenvolvimento do país.
As últimas semanas mostram que as dificuldades estão longe de estar superadas. A manifestação revelou que a maioria dos professores está de costas voltadas para a sua profissão. Ninguém os viu reclamar melhores condições para dar aulas ou para dignificar a sua posição social. Estiveram apenas preocupados em manter situações de excepção. Nos dias que correm tudo é avaliado – é a única forma de premiar os melhores e penalizar os maus.
Mas o caso de agressão é pior. Primeiro porque infelizmente não é isolado. Segundo porque é um exemplo paradigmático da degradação das escolas públicas. Estes casos resultam de vários factores que se acumularam nos últimos anos: desde a demissão dos pais de parte do seu papel, até às novas teorias pedagógicas que associam o ensino à brincadeira, esquecendo-se que ninguém aprende sem estudo, trabalho e esforço. A isto junta-se o enfraquecimento das relações hierárquicas nas escolas. Que não haja dúvidas: os professores ensinam e impõem as regras e os alunos aprendem e cumprem.
A forma como o sistema de Educação vai resolver este caso será importante. Qualquer solução que não seja um sinal claro de que se quer acabar de vez com estas situações é mais um prego no caixão do ensino público. Um pai quer os filhos longe de escolas que são sinónimo de balbúrdia. E quem pode vai preferir o ensino privado de qualidade, onde as condições são outras – apesar de também existirem problemas. Ou seja, vão agravar-se as desigualdades na sociedade portuguesa e promover-se uma realidade dual. Quem pode, paga e garante ensino de maior qualidade aos filhos, perpetuando o sucesso. Os outros ficam entregues à sua sorte. É o fim da mobilidade social que a escola também deve garantir e sem o qual a sociedade portuguesa apodrecerá. "
Bruno Proença
Depois da mega-manifestação dos professores, veio o caso de violência sobre uma professora numa escola do Porto. A polémica é justificada, a forma é que deixa muito a desejar. Está a discutir-se o acessório e a esquecer-se a substância. Os intervenientes – Governo, partidos e sindicatos – disputam o campeonato da troca de galhardetes e fogem cinicamente do que interessa. Num país sem riquezas naturais, terá de ser a qualidade das gentes a fazer a diferença. Ou seja, a formação – cívica, académica, profissional – é um factor determinante de sucesso. Portanto, pede-se particular responsabilidade a todos na discussão pública.
O sistema de educação nacional é mau e não é por falta de recursos. As estatísticas da OCDE mostram que Portugal gasta como um país desenvolvido mas tem resultados do terceiro mundo. Nos ‘rankings’ internacionais, os alunos aparecem em média nas últimas posições em línguas, matemática e ciências. Aqui reside uma das causas do baixo desenvolvimento do país.
As últimas semanas mostram que as dificuldades estão longe de estar superadas. A manifestação revelou que a maioria dos professores está de costas voltadas para a sua profissão. Ninguém os viu reclamar melhores condições para dar aulas ou para dignificar a sua posição social. Estiveram apenas preocupados em manter situações de excepção. Nos dias que correm tudo é avaliado – é a única forma de premiar os melhores e penalizar os maus.
Mas o caso de agressão é pior. Primeiro porque infelizmente não é isolado. Segundo porque é um exemplo paradigmático da degradação das escolas públicas. Estes casos resultam de vários factores que se acumularam nos últimos anos: desde a demissão dos pais de parte do seu papel, até às novas teorias pedagógicas que associam o ensino à brincadeira, esquecendo-se que ninguém aprende sem estudo, trabalho e esforço. A isto junta-se o enfraquecimento das relações hierárquicas nas escolas. Que não haja dúvidas: os professores ensinam e impõem as regras e os alunos aprendem e cumprem.
A forma como o sistema de Educação vai resolver este caso será importante. Qualquer solução que não seja um sinal claro de que se quer acabar de vez com estas situações é mais um prego no caixão do ensino público. Um pai quer os filhos longe de escolas que são sinónimo de balbúrdia. E quem pode vai preferir o ensino privado de qualidade, onde as condições são outras – apesar de também existirem problemas. Ou seja, vão agravar-se as desigualdades na sociedade portuguesa e promover-se uma realidade dual. Quem pode, paga e garante ensino de maior qualidade aos filhos, perpetuando o sucesso. Os outros ficam entregues à sua sorte. É o fim da mobilidade social que a escola também deve garantir e sem o qual a sociedade portuguesa apodrecerá. "
Bruno Proença
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