segunda-feira, junho 21, 2010

Parque Florestal do Monsanto


A história do Parque Florestal de Monsanto está intimamente ligada à da cidade de Lisboa. Por se encontrar próxima de diversos cursos de água, de boas zonas de pesca e por ter solos férteis, a zona de Monsanto foi ocupada pelo homem desde a pré-história. Na idade dos metais, os povos viviam da agricultura e do pastoreio e foram-se estabelecendo nas margens do rio Tejo, na zona onde é hoje Lisboa. Vieram os romanos…
Com os Romanos, o aumento da população de Olísipo levou ao recuo da floresta primitiva. A zona viu crescer olivais, hortas, trigais e mesmo criação de cavalos durante a ocupação muçulmana.
A grande quantidade de moinhos de vento ainda hoje existente na Serra de Monsanto, deve-se à generalização da cultura de cereais.
O Aqueduto das Águas Livres, mandado construir em 1731 por D. João V, veio resolver o problema da falta de água e marcou decisivamente a paisagem. A utilização agrícola intensiva dos solos conduziu à erosão e destruição quase total da vegetação original.
Nos Anos Trinta deste século, a crescente procura de terrenos para construção levou Duarte Pacheco, então Ministro das Obras Públicas, a recuperar uma ideia que vinha de 1868: a arborização de uma praticamente despida Serra de Monsanto. Em 1934 é regulamentada a constituição do Parque Florestal de Monsanto e os trabalhos de rearborização são realizados por camponeses e prisioneiros do forte de Monsanto.
Foi o arquitecto Keil do Amaral quem apresentou o primeiro projecto global para o parque, incluindo zonas recreativas e desportivas, algumas delas ainda hoje existentes.
Entre os anos 40 e 60 decorre uma fase de muitas construções.
Na década de 40 têm início as ocupações de terrenos anteriormente expropriados, de que são exemplo o Bairro da Boavista (1943), Bairro do Caramão da Ajuda (1945) e Bairro de Caselas (1947).
Nos anos 50 é construído o centro emissor da RTP - Rádio Televisão Portuguesa (1952), o Quartel da Força Aérea (1955) e o Bairro da GNR (1958).
Em 1960 é construído o Parque Municipal de Campismo em vez da construção de um cemitério, inicialmente projectado. Em 1962, são cedidos terrenos ao Clube Português de Tiro ao Chumbo. Segue-se a construção do restaurante de Monsanto em 1968 (ampliado mais tarde em 1983).
Os anos 70 também foram caracterizados por várias construções:
1971 - Bairro para os funcionários do Ministério da Justiça;
1972 - Estádio do Clube Internacional de Futebol;
1973 - Ampliação do Bairro da Boavista;
1974 - Construção da Torre dos CTT;
1975 - Ampliação do Bairro do Alto da Serafina.
A par de tantas construções, existiu um passo qualitativo em 1974 que foi o revogar de um decreto-lei que ameaçava seriamente o objectivo inicial do Parque Florestal de Monsanto, que é o de proporcionar o contacto da população com a Natureza.
Em 1977 surge o Plano Director da Câmara de Lisboa que aponta para a necessidade de conservar os espaços verdes da cidades.
Em 1979 aprova-se uma proposta que impede o "avanço da malha urbana no parque".
Os anos 80 foram caracterizados por dois estudos que nunca chegaram a ser aprovados. O primeiro, ainda na sequência da década de 70, do Eng. Agrónomo António Saraiva, e o segundo do arquitecto paisagista Leonel Fadigas. Apesar da não aprovação destes estudos, estes estiveram na base de um plano de estratégias (1986) para um projecto de implementação (aprovado em 1987 pela CML), em que se definiram zonas de instalação de equipamento - os chamados "Parques Urbanos".
Nos anos 90 iniciou-se a implementação dos "Parque Urbanos" nomeadamente o do Alto da Serafina e o do Alto do Duque. Houve necessidade de revisão deste Plano de 1986, concretizando-se em 1990 através do "Plano de Ordenamento e Revitalização de Monsanto" (P.O.R.M.).
O que se pretendia agora era promover a discussão pública sobre matérias importantes.
Com a elaboração do P.O.R.M. ficámos a conhecer melhor o Parque Florestal de Monsanto, sendo possível identificar um conjunto de condicionantes ecológico-urbanísticas:
- zonas de protecção ecológica-científica;
- zonas de acesso condicionado;
- infra-estruturas militares;
- espaços-verdes estruturados (Quintas, Viveiros);
- equipamento de uso público (já instalado ou aprovado);
- zonas estatais para uso público;
- zonas aptas para uso intenso, etc.
A partir daqui tornou-se possível definir uma estratégia de implementação global do Parque com determinados objectivos:
- alterar alguns dos princípios que Keil do Amaral definiu no Plano do Parque;
- estabelecer como estrutura de distribuição principal uma única circular de cotas intermédias;
- definir áreas de uso intenso designadas "Parques Urbanos" e dotados das infra-estruturas necessárias.
O Parque Ecológico de Monsanto surgiu em resposta a muitas solicitações por parte de escolas e interessados que pretendiam efectuar actividades no Parque Florestal.
Inaugurado na sua totalidade a 28 de Março de 1996, o Parque teve o seu início em 1993, altura em que se construiram algumas infra-estruturas na Zona Vedada e o Centro de Interpretação. Em 1997 foi ainda inaugurado o Parque Urbano dos Moinhos de Santana, cuja gestão de actividades e marcação de visitas é feita pelo Parque Ecológico. Desde então o Parque Ecológico não parou de crescer e desenvolve hoje actividades de educação ambiental em todo o Parque Florestal
O Parque Florestal de Monsanto atravessa agora uma nova etapa - um novo plano de ordenamento. Monsanto está dividido em diferentes espaços: o Parque Norte, Parque Sul e Parque Poente (parques informais de acesso livre), e zonas destinadas a Conservação da Natureza. A funcionar desde 15 de Junho de 1999 encontra-se já o Parque Norte.

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