“Propagandês”
"Já conhecíamos o “politiquês” como caricatura do discurso político. Com este Governo ficámos a conhecer o “propagandês”, um novo estilo que consiste em governar em função da mensagem que se quer passar à opinião pública.
Veja-se o que se passa com a Educação. Sendo uma das áreas de maior fragilidade do Governo, com a contestação generalizada de pais e professores, foi natural a escolha das escolas como palco privilegiado de propaganda. Com o pretexto do arranque do ano lectivo, montaram-se várias acções de campanha em escolas públicas, com a presença de membros do Governo a distribuir computadores, incluindo o inevitável Magalhães.
Quando se anunciou que a taxa de retenções (ou “chumbos”) no ensino básico e secundário foi a mais baixa da última década, uma estranha suspeita pairava no ar. Ainda se ouviam as acusações das Sociedade Portuguesa de Matemática (e da de química, entre outras) sobre a diminuição do nível de exigência nas provas nacionais do ano passado. Mas como uma das promessas eleitorais tinha sido reduzir para metade o insucesso escolar, não se hesitou em nivelar por baixo para embelezar as estatísticas.
Uma das características do “propagandês” é a utilização do Estado como instrumento político. Aproveita recursos públicos para fins partidários. Não se inibe sequer de utilizar quem não pode responder à letra, como as crianças do ensino básico. Neste caso foi o ministério da educação, mas outros exemplos podem ser apontados, como as operações policiais montadas para os directos televisivos ou as recentes campanhas do ministério da economia de apoio às PME. É estranho que só tenham sido publicitadas (TV, rádios e jornais) depois do discurso de ‘reentré’ da líder do PSD que propôs a aposta nas PME para recuperar a economia.
Outro ponto é a manipulação dos números. Lembram-se da promessa dos 150.000 novos empregos? O primeiro-ministro veio agora dizer que falava de “emprego líquido”, ou seja, “descontados os empregos que se perderam”. Segundo as novas “contas” o saldo seria (afinal) 133 mil postos de trabalho. Soube-se logo depois que 27% (36.000) destes “novos empregos” de que falava o líder do governo foi criado no estrangeiro, onde duplicou, em três anos, o número portugueses a trabalhar. Tudo isto quer dizer que a meta dos 150 mil empregos está ainda longe. Chega a ser de mau gosto apresentar estes números quando o desemprego atinge 7,3% da população.
O estilo “propagandês” assenta numa gestão centralizada e rígida da informação. Com o apoio de agências de comunicação especializadas, as mesmas que prestam serviços a empresas do sector empresarial do Estado, montou-se uma poderosa máquina comunicacional para gerir a agenda política, que não se inibe de tentar “pressionar” a comunicação social.
Este Sábado, o jornal Expresso publicou excertos do processo aberto pela ERC sobre as alegadas pressões do primeiro-ministro para travar as notícias sobre a sua licenciatura na Universidade Independente. Vários jornalistas, o director de informação da RR e o director do jornal Público falam de “pressões ilegítimas”. Refere-se mesmo o “tom violento” de um dos telefonemas de José Sócrates. José Manuel Fernandes relata, perante a ERC, a seguinte frase do primeiro-ministro: “Fiquei com uma boa relação com o seu accionista (Paulo Azevedo) e vamos ver se isso não se altera”.
Estas acusações, agora publicadas, não foram desmentidas. A confirmarem-se significam uma tentativa de chantagem do primeiro-ministro sobre um director de jornal. Não se compreende a omissão da ERC e o silêncio que se abateu sobre este tema, de enorme gravidade numa sociedade que se pretende de homens livres.
Nota. O Parlamento vai agora discutir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Há uma tentativa clara de marcar a agenda política com temas que interessam apenas a certas margens da população. Enquanto o país “político” discute estes temas fracturantes não se fala de desemprego, pobreza, depressão económica, inflação. O “propagandês” também passa por aqui, distrair as pessoas do essencial com o acessório."
Paulo Marcelo
Veja-se o que se passa com a Educação. Sendo uma das áreas de maior fragilidade do Governo, com a contestação generalizada de pais e professores, foi natural a escolha das escolas como palco privilegiado de propaganda. Com o pretexto do arranque do ano lectivo, montaram-se várias acções de campanha em escolas públicas, com a presença de membros do Governo a distribuir computadores, incluindo o inevitável Magalhães.
Quando se anunciou que a taxa de retenções (ou “chumbos”) no ensino básico e secundário foi a mais baixa da última década, uma estranha suspeita pairava no ar. Ainda se ouviam as acusações das Sociedade Portuguesa de Matemática (e da de química, entre outras) sobre a diminuição do nível de exigência nas provas nacionais do ano passado. Mas como uma das promessas eleitorais tinha sido reduzir para metade o insucesso escolar, não se hesitou em nivelar por baixo para embelezar as estatísticas.
Uma das características do “propagandês” é a utilização do Estado como instrumento político. Aproveita recursos públicos para fins partidários. Não se inibe sequer de utilizar quem não pode responder à letra, como as crianças do ensino básico. Neste caso foi o ministério da educação, mas outros exemplos podem ser apontados, como as operações policiais montadas para os directos televisivos ou as recentes campanhas do ministério da economia de apoio às PME. É estranho que só tenham sido publicitadas (TV, rádios e jornais) depois do discurso de ‘reentré’ da líder do PSD que propôs a aposta nas PME para recuperar a economia.
Outro ponto é a manipulação dos números. Lembram-se da promessa dos 150.000 novos empregos? O primeiro-ministro veio agora dizer que falava de “emprego líquido”, ou seja, “descontados os empregos que se perderam”. Segundo as novas “contas” o saldo seria (afinal) 133 mil postos de trabalho. Soube-se logo depois que 27% (36.000) destes “novos empregos” de que falava o líder do governo foi criado no estrangeiro, onde duplicou, em três anos, o número portugueses a trabalhar. Tudo isto quer dizer que a meta dos 150 mil empregos está ainda longe. Chega a ser de mau gosto apresentar estes números quando o desemprego atinge 7,3% da população.
O estilo “propagandês” assenta numa gestão centralizada e rígida da informação. Com o apoio de agências de comunicação especializadas, as mesmas que prestam serviços a empresas do sector empresarial do Estado, montou-se uma poderosa máquina comunicacional para gerir a agenda política, que não se inibe de tentar “pressionar” a comunicação social.
Este Sábado, o jornal Expresso publicou excertos do processo aberto pela ERC sobre as alegadas pressões do primeiro-ministro para travar as notícias sobre a sua licenciatura na Universidade Independente. Vários jornalistas, o director de informação da RR e o director do jornal Público falam de “pressões ilegítimas”. Refere-se mesmo o “tom violento” de um dos telefonemas de José Sócrates. José Manuel Fernandes relata, perante a ERC, a seguinte frase do primeiro-ministro: “Fiquei com uma boa relação com o seu accionista (Paulo Azevedo) e vamos ver se isso não se altera”.
Estas acusações, agora publicadas, não foram desmentidas. A confirmarem-se significam uma tentativa de chantagem do primeiro-ministro sobre um director de jornal. Não se compreende a omissão da ERC e o silêncio que se abateu sobre este tema, de enorme gravidade numa sociedade que se pretende de homens livres.
Nota. O Parlamento vai agora discutir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Há uma tentativa clara de marcar a agenda política com temas que interessam apenas a certas margens da população. Enquanto o país “político” discute estes temas fracturantes não se fala de desemprego, pobreza, depressão económica, inflação. O “propagandês” também passa por aqui, distrair as pessoas do essencial com o acessório."
Paulo Marcelo
1 Comments:
CARO AMIGO
NA MINHA OPINIÃO ESTÃO Á espera que saia a lei para casamentos:
o primeiro vai ser com pompa que será
SOCRATES/MAGALHAES...E SERÃO FELIZES PARA SEMPRE
UM ABRAÇO
(SEM PALAVRAS)
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