É preciso preservar o Banco de Portugal
"Vitor Constâncio ficou surpreendido com a queda do PIB no quarto trimestre de 2008, referindo que a profundidade do tombo vai obrigar a rever as projecções para 2009. E embora não o tenha dito, ficou no ar outra ideia: a de que a queda do PIB este ano pode ser pior do que os 1,5% previstos pela Comissão Europeia.
O problema é que há poucas duas semanas o próprio Constâncio recusou o pessimismo de Bruxelas, limitando a quebra do PIB a cerca de 1%. Como é pelo menos a segunda vez no espaço de dois meses que o governador avança com previsões que não se cumprem, isto merece reflexão. Porquê? Porque o Banco de Portugal, pela frequência com que se pronuncia sobre a conjuntura (e pelos erros de avaliação), corre o risco de imitar, pela negativa, o Ministério das Finanças.
A conjuntura está demasiado incerta, dificultando as previsões? Certamente. Mas essa devia ser razão bastante para o Banco não rever projecções a cada mês. Se as Finanças insistem em fazê-lo, descredibilizando-se, é uma coisa. Mas o banco central não se pode dar a esse luxo.
O Banco foi, graças à sua qualidade técnica, uma peça-chave do processo de estabilização económica do pós-democracia (razão que levou o País a confiar nele). Não pode deitar tudo isso a perder com intervenções frequentes, e mal medidas, sobre a conjuntura. Constâncio devia saber isso. Até para proteger a sua própria imagem, de "craque" em questões macroeconómicas."
Camilo Lourenço
O problema é que há poucas duas semanas o próprio Constâncio recusou o pessimismo de Bruxelas, limitando a quebra do PIB a cerca de 1%. Como é pelo menos a segunda vez no espaço de dois meses que o governador avança com previsões que não se cumprem, isto merece reflexão. Porquê? Porque o Banco de Portugal, pela frequência com que se pronuncia sobre a conjuntura (e pelos erros de avaliação), corre o risco de imitar, pela negativa, o Ministério das Finanças.
A conjuntura está demasiado incerta, dificultando as previsões? Certamente. Mas essa devia ser razão bastante para o Banco não rever projecções a cada mês. Se as Finanças insistem em fazê-lo, descredibilizando-se, é uma coisa. Mas o banco central não se pode dar a esse luxo.
O Banco foi, graças à sua qualidade técnica, uma peça-chave do processo de estabilização económica do pós-democracia (razão que levou o País a confiar nele). Não pode deitar tudo isso a perder com intervenções frequentes, e mal medidas, sobre a conjuntura. Constâncio devia saber isso. Até para proteger a sua própria imagem, de "craque" em questões macroeconómicas."
Camilo Lourenço
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