quarta-feira, abril 01, 2009

As mentiras antes da cimeira e a manipulação dos do costume...

Wall Street e a City fazem uma tentativa deliberada para fazer acreditar numa fractura da EU e instalar uma ideia de risco mortal na Eurozona, difundindo permanentemente a falsa informação sobre o risco bancário proveniente da Europa de Leste, com a intenção de estigmatizar a Eurozona como timorata perante as medidas americanas e inglesas.
É claro que a intenção é desviar a atenção internacional do agravamento financeiro de NY e Londres, ao mesmo tempo que procura debilitar a posição da Europa antes da cimeira do G20.
Como candidamente dizia o mulato presidente americano, o problema começou nos USA, mas depois os outros foram todos culpados, o homem como se repara, já recebe ordens directas dos patrões Bilderberg.
A ideia tem algum brilho: retoma um tema muito conhecido da opinião pública, assegurando assim adesão fácil ao novo conteúdo, onde se incluem uma ou duas analogias para assegurar o acolhimento das ideias nos media ( controladas a nível mundial por R. Murdoch, australiano, americano, esperando-se o regresso como filho pródigo, ao país-de-que-se-não-pode falar…mal ou a verdade), ou na Internet, bastando clicar em “crise bancária na Europa de Leste” no Google e o resultado é eloquente; utilizando a colaboração de pessoas e organizações relacionadas e influentes disponíveis para uma mentira suplementar. Com tal cocktail é também possível fazer crer por algum tempo que a guerra no Iraque é um êxito, que crise subprime não afectará, que a crise financeira não infectará a economia real, que verdadeiramente a crise não é grave e que se é grave, está totalmente sob controlo.
Então no que conta para nós, (falo de alguns que não estão inquinados pela subserviência aos EUA…), volta um tema muito conhecido, é a separação entre a Velha e a nova Europa, entre uma Europa rica e egoísta e uma Europa pobre e cheia se esperança.
Desde Rumsfeld do Iraque para o UK é uma lengalenga, que nos repetem há 10 anos por todos os media anglosaxões (os tais..), de confiança, em especial alguns britânicos, que se tornaram especialistas na coisa.
As analogias são duas: Europa de Leste, representa crise subprime da EU (tomando como certo que cada um tem forçosamente uma crise subprime local e que a crise da Europa de Leste terá o mesmo efeito que crise asiática de 1997, seguramente porque tudo se passa no leste, melhor para perceber o jogo, no Oriente).
As conexões disponíveis são numerosas.
Antes de mais nada as agências de qualificação, neste caso a Moodys, que como as suas congéneres, estão por um lado ao serviço de Wall Street e por outro incapazes de ver um boi à frente dos olhos ( “só” falharam as subprime, os CDS, Bear Stearn, Lehman Brothers, AIG, …). Misteriosamente a imprensa dita financeira continua difundindo as suas opiniões, aplicando o princípio humanitário em esperar que algum dia as estatísticas os faça avaliar alguma coisa correctamente.
No nosso caso a dita agência teve um eco de unanimidade e falava de uma bomba que ameaçava a existência do Euro, (tratava-se é claro da zona Euro), que sem dúvida devastaria o sistema financeiro europeu; ( faz lembrar o motivo do enforcamento de Sadam, que foi exactamente o facto de se atrever a vender petróleo em euros e não em USD, por isso ele foi enforcado, de outra forma não faltariam cordas para todos os tiranos, como o que há pouco comprou mais uns políticos no sítio) .
Para dar credibilidade utiliza-se alguns media profundamente anti Euro ( como o Telegraph, que por outro lado produz muito boas análises sobre a crise, pelo que a queda da Libra Esterlina e da economia britânica tendem hoje a cegá-los em relação à Eurozona, difundindo uma informação que logo o suprime(...) ou abafa, para dar o gosto do proibido, do secreto, que revelaria um tsunami financeiro mundial em preparação, em particular, por causa dos compromissos da velha Europa com o sector financeiro da nova Europa. Utilizam os media financeiros dos USA e britânicos, sabendo que os outros os seguirão por carneirismo, no mínimo. Com a EU é fácil, porque necessita de tempo para reagir, (eu diria de liderança não comprada), permitindo e reagindo tarde à manipulação.
Desta vez, foi com o PM húngaro Ferenc Gyurcsaby que desempenha um papel de novo mártir. Recorde-se a propósito que o povo húngaro se está a tentar ver livre dele, depois de ter confessado involuntariamente que mentira, para se fazer eleger, (onde é que já vimos uma coisa assim parecida, mas este, nem às paredes confessa..), confirmando que endividara o país de forma consciente muito para lá das possibilidades e dos limites do mesmo.
Foi esta personagem quem anunciou um delirante plano para resgatar as economias da Europa do Leste ou Oriental, colocando de novo entre os maus e inconscientes os da a Velha Europa, ( assim mandou o dono). As queixas deste tiveram a sua repercussão nos media USA e UK ,incluindo os de referência Financial Times, ou o International Herald Tribune, concluindo, assim a falta de solidariedade da Europa… ao mesmo tempo que minimizam ou esquecem o facto que foram os polacos e os checos os que desferiram os ataques mais virulentos contra os aberrantes requisitos do PM húngaro.
A tentativa de desestabilizar a Eurozona, pelo flanco Leste, ainda não desapareceu.
Aguarda-se por parte dos dirigentes e banqueiros centrais da Eurozona respostas fortes, o anúncio de uma reposta e um plano financeiro substancial, com o objectivo de acabar de vez com esta operação. Não desapareceu entretanto,, já que o paralelo se mantém em certos media mencionados entre a crise subprime e imobiliária da Europa Oriental; como se a Hungria tivesse equivalência à Califórnia, ou a Letónia à Florida.
Aqui reside o miolo do problema: a importância da dimensão económica e financeira.
“ Dizia a formiga em cima do elefante: olha lá a poeirada que estamos a fazer?!!!…”
É claro que os países afectados (Letónia, Estónia, Hungria e Roménia,…) e, em consequência os seus credores ( Alemanha, Áustria, Suiça), têm problemas, mas comparados com os de NY, Londres ou Suiça, bem...
Para aqueles que conhecem mal a geografia da EU, o título” Hungria na bancarrota” ou “ Letónia na bancarrota” pode parecer-lhes de facto comparável, com a “ Califórnia na bancarrota”.
Para os que perdem o seu trabalho é de facto um problema idêntico, pelo que em termos de impacto não há nenhuma relação entre os dois.
A Califórnia golpeada duramente pela crise subprime, é o Estado mais populoso e rico dos USA, a Letónia é pobre e com uma população menor que 1% da EU, (contra os 12% da Califórnia nos USA. O PIB da Hungria representa apenas 1,1% da Eurozona ( para a Letónia 0,2%): ou seja, uma proporção comparável com a de Oklahoma(1% do PIB dos USA), com o da Florida. Estamos longe de uma crise no Leste portadora de uma crise subprime na Eurozona.
Na Europa de Leste, os novos imóveis manterão um valor importante, ainda que inferior a 2007/08, porque depois de 50 anos de comunismo, há deficit de prédios modernos.
Pelo contrário os USA, com as casas construídas no auge da febre imobiliária sobram construções, com qualidade muito variável e já estão em fase de degradação, nos estados mais afectados. Em tais casos, é uma verdadeira destruição da riqueza dos proprietários, da economia, dos credores e dos bancos.
“Alea jacta est” e cada um vai ser por si.
Esta cimeira está votada ao fracasso, servem apenas para marcar território e cada bloco tentará desacreditar o outro, o que um perde ganha o outro.
Os Bilderber já tinham os planos e os homens comprados e este é o problema da Europa, dos USA e do resto do mundo.

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