Os educadores da classe opinativa
"Uma recente escola de pensamento defende a moderação, espontânea ou coerciva, do jornalismo em geral e das colunas de opinião em particular. A tese é partilhada por altas figuras da magistratura, políticos conhecidos, políticos ou assessores que preferem o anonimato e, curiosamente ou não, alguns jornalistas e colunistas, entre eles Pedro Marques Lopes, aqui no DN.
Enquanto membro da última classe, acho óptimo que se vigiem os excessos dos meus colegas e de mim próprio. Embora nos paguem a opinião, esta resulta muito mais louvável e construtiva se se abstiver de injúrias e levar em conta que os eventuais deslizes serão severamente castigados, mediante multa, prisão efectiva ou degredo. De calúnias e insinuações maldosas está o país farto, ou, nas imortais palavras de um fugaz ministro do anterior Governo, liberdade não é licenciosidade.
Claro que os tribunais comuns, useiros em desculpar o pagode opinativo, não servem para impor o devido respeito. Por isso uma personalidade insuspeita como Noronha do Nascimento, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, propôs que sejam os políticos a julgar jornalistas e afins, o que de resto já sucede em todas as nações desenvolvidas, de Cuba à Coreia do Norte. É urgente que, em Portugal, o ofício de colunista deixe de ser confundido com insolentes que dizem o que lhes vai nas cabeças. Dizermos o que vai nas cabeças de outros, principalmente se os outros forem governantes ou avençados, é um enorme passo para a dignidade da profissão.
E um pequeno passo para um colunista. No fundo, a mudança que se reclama não impedirá ninguém de continuar a escrever as maiores barbaridades sobre banqueiros em desgraça, autarcas avulsos, líderes da oposição, jogadores da bola, columbófilos e até o presidente da República: insultar tais criaturas não suscita a indignação de vivalma, incluindo do dr. Noronha do Nascimento. Tudo bem espremido, os únicos "julgamentos de carácter" intoleráveis são os que visam a sagrada figura do actual primeiro-ministro. Bastará não produzir uma só linha menos simpática para com o eng. Sócrates e qualquer potencial candidato a correctivos será imediatamente elevado a farol da seriedade e da responsabilidade. Obviamente, não custa nada. Excepto a vergonha, aliás um tique em declínio."
Alberto Gonçalves
Enquanto membro da última classe, acho óptimo que se vigiem os excessos dos meus colegas e de mim próprio. Embora nos paguem a opinião, esta resulta muito mais louvável e construtiva se se abstiver de injúrias e levar em conta que os eventuais deslizes serão severamente castigados, mediante multa, prisão efectiva ou degredo. De calúnias e insinuações maldosas está o país farto, ou, nas imortais palavras de um fugaz ministro do anterior Governo, liberdade não é licenciosidade.
Claro que os tribunais comuns, useiros em desculpar o pagode opinativo, não servem para impor o devido respeito. Por isso uma personalidade insuspeita como Noronha do Nascimento, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, propôs que sejam os políticos a julgar jornalistas e afins, o que de resto já sucede em todas as nações desenvolvidas, de Cuba à Coreia do Norte. É urgente que, em Portugal, o ofício de colunista deixe de ser confundido com insolentes que dizem o que lhes vai nas cabeças. Dizermos o que vai nas cabeças de outros, principalmente se os outros forem governantes ou avençados, é um enorme passo para a dignidade da profissão.
E um pequeno passo para um colunista. No fundo, a mudança que se reclama não impedirá ninguém de continuar a escrever as maiores barbaridades sobre banqueiros em desgraça, autarcas avulsos, líderes da oposição, jogadores da bola, columbófilos e até o presidente da República: insultar tais criaturas não suscita a indignação de vivalma, incluindo do dr. Noronha do Nascimento. Tudo bem espremido, os únicos "julgamentos de carácter" intoleráveis são os que visam a sagrada figura do actual primeiro-ministro. Bastará não produzir uma só linha menos simpática para com o eng. Sócrates e qualquer potencial candidato a correctivos será imediatamente elevado a farol da seriedade e da responsabilidade. Obviamente, não custa nada. Excepto a vergonha, aliás um tique em declínio."
Alberto Gonçalves
1 Comments:
O Senhor Noronha existe?
Penso que não existe.
Não é preciso ser jornalista ou analista para perceber que é uma figura como muitas outras que não existem.
Porquê?
Porque para ser homem é preciso ter coluna vertebral e esta personagem foi escolhida porque não tem coluna vertebral, como o Procurador.
Este país não existe é um sítio, cada vez mais mal frequentado e já nem serve para alugar.
Pois pode o senhor Noronha estar descansado, depois de todas as maldades que têm feito e deixaram fazer a este país, no fim, nem vai haver dinheiro para lhe pagarem as reformas, porque não há já milagres, em nome do estado de direito democrático, coisa que é uma figura de estilo e de retórica barato.Os santos foram todos mandados embora, em nome do estado de direito democrático, da maçonaria e afins, em nome dos jacobinos e porque foram embora, devido ao secularismo evangélicoe da má consciência assim estamos perante um dilema.
Nem de direito, nem democrático, nem Estado.
Assim, vai acontecer-lhe o mesmo que a todos os outros, só que alguns ainda sabem fazer alguma coisa mais do que destruir.
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