sábado, dezembro 26, 2009

Presentes de Natal

"O primeiro-ministro, em fase de vitimização, confronto e paralisia governamental, recebeu muitos presentes de Natal do PSD: Pedro Santana Lopes veio publicamente "legitimar" o conflito do Governo com o Presidente da República e com o Parlamento, alegando que o primeiro-ministro, assim, não tem condições para governar. Pedro Santana Lopes propõe um Congresso que tem como consequência adiar a clarificação da liderança do PSD lá para Junho, obrigando à realização de 2 (dois) Congressos!

E o País? Com tanto problema, assiste incrédulo. O Presidente está acima de tudo isso, preocupado é com o País.

A Direcção Nacional do PSD, por sua vez, legitimou a ideia de convocar um Congresso dito para "resolver o passado" (como é evidente, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter dito que não iria lá se fosse para discutir o passado, Santana Lopes veio dizer que era exactamente para o que o Congresso serviria). Mas há mais: a ordem de trabalhos proposta para o Congresso revela que, depois de anos a reclamar directas, Santana Lopes vem agora pôr em causa as directas. Essa ordem de trabalhos pode ser um golpe estatutário interno. E estamos mesmo a ver os militantes a seguir o Congresso, on-line e, aí pelas 03h00 ou 04h00 da manhã, finda a apresentação de moções, irem todos a correr às urnas de voto.

Isto serve para condicionar a próxima liderança e fazer festa. Pedro Santana Lopes precisa desesperadamente disto, mesmo que surja agora como quem nunca teve responsabilidade em nada. Claro que se poderia perguntar, entre outras, pelo trabalho de Oposição na Câmara de Lisboa... cargo para o qual Santana Lopes foi eleito... mas sobre isso...

Ao fim e ao cabo, os maus ‘astros’ conjugam-se (ou querem conjugar-se) para que os mesmos protagonistas dos últimos 15 anos venham a ser os dos próximos quinze... Fatal. Tudo isto – sem excepção para a aliança entre a Direcção Nacional e Santana Lopes e pela segunda vez – é tacticazinha. Soa a truque e a espectáculo. Onde não faltam tentativas de alterar as regras do jogo. Ora, nós precisamos é de união e projectos. Quanto mais tarde o partido se reafirmar, com maiores custos o fará, muitos irreversíveis.

As últimas sondagens atribuíram ao PSD uns singelos 24% das intenções de voto. A sintonia entre a Direcção Nacional e as propostas de Santana Lopes pode até ser uma prova de vida para ambos, mas também pode ser um golpe mortal desferido no PSD
."

Paula Teixeira da Cruz

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