terça-feira, março 16, 2010

Longa vida PS

"Os que anunciam a morte do partido do chefe bem podem esperar sentados. É que para mau já basta assim.

Pois é. A vidinha tem destas coisas tristes. O Partido Socialista tem um chefe acossado por todos os lados menos por um. Desde há anos que o senhor presidente relativo do Conselho, o dito chefe, anda nas bocas do mundo pelas piores razões. São licenciaturas ao domingo, projectos de gosto mais do que duvidoso com assinaturas mais do que duvidosas, são licenciamentos polémicos investigados pela polícia, são processos mais ou menos ocultos, são escutas completamente ocultas, são amigos por todo o lado metidos em negócios completamente escuros. Pois é. Acontece que o senhor presidente relativo do Conselho, o chefe, sobreviveu a tudo e a todos e venceu as legislativas de Setembro.

É verdade que deixou de ser o senhor presidente do Conselho e passou a ser apenas o senhor presidente relativo do Conselho, o chefe. Pois é. Mesmo com a crise instalada, com o desemprego, o défice, a dívida e o endividamento externo em níveis históricos, o senhor presidente relativo do Conselho impôs um Orçamento miserável à Oposição e agora meteu-lhe pela boca abaixo um Programa dito de Estabilidade e Crescimento para Bruxelas e os famosos mercados acreditarem que este sítio pobre, deprimido, manhoso, corrupto e, obviamente, cada vez mais mal frequentado tem gente séria a governá-lo e não está literalmente no caminho da falência. Pois é. Tudo isto acontece porque existe um PSD que tem sido um fortíssimo aliado do senhor presidente relativo do Conselho, o chefe, e do seu partido. Sete líderes em 15 anos, quatro derrotas em cinco eleições legislativas, lutas intestinas entre barões e baronetes, propostas erráticas e agora, qual cereja em cima do bolo, uma norma estatutária que é um verdadeiro atentado à liberdade de expressão, um tema tão caro ao partido de Sá Carneiro e Cavaco Silva que o tem ocupado intensamente na Comissão de Ética da Assembleia da República. Pois é.

Os campeões da dita liberdade, tão preocupados com a expressão, a verdade, a ética e a asfixia dos outros, decidiram asfixiar qualquer indígena laranja que diga mal do líder 60 dias antes de qualquer acto eleitoral. Pois é. Com esta extraordinária decisão do PSD, o Governo do senhor presidente relativo do Conselho, o chefe, bem pode aumentar a carga fiscal da classe média, reduzir as pensões, congelar os salários dos funcionários públicos, manter o TGV para Madrid e ter a pouca-vergonha de prever um crescimento miserável, muito abaixo da média europeia, até 2013. Pois é. Os que anunciam a morte do partido do chefe bem podem esperar todos muito bem sentados. É que para mau já basta assim
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António Ribeiro Ferreira

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