quinta-feira, março 11, 2010

Maldita economia

"Os indígenas estão-se nas tintas para moções de censura. Querem saber é se alguém lhes garante um futuro menos triste e miserável.

O PSD, ou melhor, os três principais candidatos à liderança dos sociais-democratas, anda doido por derrubar o Governo do senhor presidente relativo do Conselho, o chefe. O principal partido da Oposição perdeu as eleições há seis meses, mas está desejoso de saborear o poder. É natural. Desde 1995 que assim acontece, com excepção dos dois anos e meio em que Durão Barroso, primeiro, e Santana Lopes, depois, estiveram alojados em São Bento. Um período, aliás, de muito má memória, que ficou marcado pela fuga de Durão Barroso para Bruxelas, para ocupar o lugar de presidente da Comissão Europeia, fuga muito saudada cá pelo sítio com os mesmos argumentos pacóvios usados agora para saudar a ida gloriosa de Vítor Constâncio para vice-presidente do Banco Central Europeu.

É verdade que esta dieta de poder está a fazer muito mal aos sociais-democratas. Percebe-se porquê. Não é que tenham excelentes ideias para tirar o sítio do estado a que chegou. Não é que os seus princípios e valores sejam muito diferentes dos que regem a vida do partido do senhor presidente relativo do Conselho, o chefe. No fundo, são as duas faces de uma má moeda. O problema é a imensa clientela que anda por aí com água na boca a sonhar com os apetitosos lugares que o imenso e generoso Estado oferece a quem está no poder. E como não conseguiram o poder com os votos, andam a inventar caminhos ínvios para lá chegar.

O último é uma comissão de inquérito ao negócio supostamente falhado entre a Portugal Telecom e a TVI e as mentiras do senhor presidente relativo do Conselho, o chefe, a propósito do dito. Já se fala em moções de censura e em eleições antecipadas lá mais para o Verão. Tudo isso pode ser muito legítimo e muito constitucional. Mas primeiro do que isso será necessário mostrar aos indígenas que as suas propostas são verdadeiramente alternativas às do Governo. Primeiro do que isso será necessário que o PSD mostre que é capaz de apresentar um Orçamento alternativo ao do PS. Primeiro do que tudo, é fundamental que o PSD mostre aos indígenas que tem uma alternativa ao Programa de Estabilidade e Crescimento do chefe. Enquanto isso não acontecer, os indígenas deste sítio pobre, manhoso, corrupto e, obviamente, cada vez mais mal frequentado, estão-se nas tintas para moções de censuras, liberdades de expressão ou eleições antecipadas. Querem saber é se alguém lhes garante um futuro menos triste e miserável
."

António Ribeiro Ferreira

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