Tropeçar nas estrelas
"Depois de ter desviado uma corrida de aviões do Porto para o Tejo e enquanto não desvia a Eurodisney para o Poço do Borratém, António Costa volta-se para o Passeio da Fama de Hollywood, a colocar futuramente na Rua dos Condes (?). Esclareça-se que, provavelmente por má vontade das autoridades locais, não se trata da calçada original, mas de uma réplica dedicada aos, cito, grandes nomes do teatro português.
À partida, é uma ideia louvável. O Walk of Fame californiano estende-se por dezoito quarteirões, possui milhares de estrelas e arrasta cerca de dez milhões de visitantes anuais, sendo uma das principais atracções da principal indústria do município de Los Angeles: o turismo. Hoje, exactamente meio século após a inauguração do Passeio, apetece rir dos que então desconfiavam do seu sucesso. Como esses cépticos provavelmente já morreram, é preferível rir dos cépticos indígenas que já começaram a tentar desvalorizar a iniciativa do dr. Costa.
Eu não sou um deles. Para mim, sob qualquer ponto de vista, o Walk of Fame alfacinha tem tudo para resultar. Está bem: é possível que ocupe menos quarteirões, exiba menos estrelas e atraia menos visitantes que o equivalente americano. Apesar disso, é fácil prever que a população do resto do País e inúmeros europeus não resistirão a procurar na Rua dos Condes a estrelinha com o nome da sua vedeta teatral predilecta, seja esta Maria do Céu Guerra, Luís Miguel Cintra ou, entre os ainda vivos, Diogo Infante.
Só haverá problema se o dr. Costa levar a imitação demasiado longe. No Walk of Fame de Hollywood as estrelas são atribuídas na condição de que cada distinguido compareça à cerimónia e pague 25 mil dólares. Desde que haja croquetes, as vedetas caseiras não levantarão obstáculos à cerimónia. Porém, é improvável que o Estado português arranque um tostão a quem ergueu uma carreira a ensaiar o papel oposto, nos palcos e na vida. "
Alberto Gonçalves
À partida, é uma ideia louvável. O Walk of Fame californiano estende-se por dezoito quarteirões, possui milhares de estrelas e arrasta cerca de dez milhões de visitantes anuais, sendo uma das principais atracções da principal indústria do município de Los Angeles: o turismo. Hoje, exactamente meio século após a inauguração do Passeio, apetece rir dos que então desconfiavam do seu sucesso. Como esses cépticos provavelmente já morreram, é preferível rir dos cépticos indígenas que já começaram a tentar desvalorizar a iniciativa do dr. Costa.
Eu não sou um deles. Para mim, sob qualquer ponto de vista, o Walk of Fame alfacinha tem tudo para resultar. Está bem: é possível que ocupe menos quarteirões, exiba menos estrelas e atraia menos visitantes que o equivalente americano. Apesar disso, é fácil prever que a população do resto do País e inúmeros europeus não resistirão a procurar na Rua dos Condes a estrelinha com o nome da sua vedeta teatral predilecta, seja esta Maria do Céu Guerra, Luís Miguel Cintra ou, entre os ainda vivos, Diogo Infante.
Só haverá problema se o dr. Costa levar a imitação demasiado longe. No Walk of Fame de Hollywood as estrelas são atribuídas na condição de que cada distinguido compareça à cerimónia e pague 25 mil dólares. Desde que haja croquetes, as vedetas caseiras não levantarão obstáculos à cerimónia. Porém, é improvável que o Estado português arranque um tostão a quem ergueu uma carreira a ensaiar o papel oposto, nos palcos e na vida. "
Alberto Gonçalves
1 Comments:
se o problema é o tamanho... então em vez de artistas que sejam mesmo os corruptos a por as mãos.
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