quinta-feira, maio 20, 2010

Sem ponte por onde se lhe pegue

"Há TGV. Quer dizer: há meio. Não: há todo. A suspensão era a fingir? Sim: é mesmo para fazer. Mas não já. Talvez nunca. Foi só nacionalismo. Ulrich é que sabe: não há crédito. Quê? Arrebenta a bolha...

A lucidez desapareceu do mapa, anda atrás da sensatez. O TGV entrou num pára-arranca de anúncios e ninguém pode pôr as mãos no fogo pelo projecto. E isso tem tudo a ver com as declarações de ontem do presidente do BPI, sobre a escassez de crédito. De Ulrich, o que dizer?É o mais louco ou o mais lúcido dos banqueiros?

Parte 1: o TGV. Numa semana, o Governo suspendeu os grandes projectos públicos excepto a linha de Alta Velocidade ferroviária entre Poceirão e Caia. Depois, alvitrou que a terceira travessia do Tejo seria repensada. As perplexidades foram crescendo: porquê manter o TGV? A manter alguma coisa, porquê o TGV e não o aeroporto? E como estava a ser possível o ridículo de fazer meio TGV até ao Poceirão? Ou três quartos até ao Barreiro?

Parecia desorientação, mas não: o Governo está é bem orientado. O pretexto financeiro serviu para abortar o concurso que os espanhóis da FCC venceriam e lançar um novo concurso, está-se mesmo a ver que à medida do interesse nacional da Mota-Engil. A ideologia é uma plasticina fosforescente: os liberais na prosperidade são proteccionistas pragmáticos na crise.

Resumir o keynesianismo do Governo a uma obra entregue a espanhóis era um embaraço. Mas recusar uma proposta 500 milhões mais barata era desmancho difícil. Por não gostar do vencedor, o Governo fez como as crianças: acabou com o jogo. Começa tudo outra vez, está zero a zero. E assim a Mota escusa de ir para tribunal provar que a ponte espanhola cai.

Bom, a jogada para afastar os espanhóis está consumada e o País não se ralará. Continuamos a achar que interesse nacional é que sejam empresas portuguesas as beneficiadas, em vez de o serem os consumidores ou os contribuintes. E dizemos que se os outros países são proteccionistas, também temos de sê-lo. Um credo que, como se vê, nos tem levado longe.

Tudo isto é, no entanto, mais ou menos irrelevante porque nem esta obra é para fazer já. Mesmo a linha Poceirão-Caia só é fatalidade até 2013 enquanto Portugal e Espanha não anunciarem que adiaram bilateralmente o projecto, à espera de melhores condições de financiamento.

É disso que - Parte 2: - Ulrich fala. Quando avisa que o País não está a conseguir refinanciar-se, está a quebrar a regra número 1 dos banqueiros: mostra medo. Mas manter as aparências tem um problema: motiva comportamentos errados. Do Estado, que continua a anunciar projectos. Dos portugueses, que continuam sem poupar.

Os banqueiros acharão que Ulrich perdeu uma boa oportunidade para estar calado, mas ele não perdeu a cabeça. Mesmo que tenha escolhido o fogo, ele está a iluminar a sombra da negação: o crédito à economia vai reduzir-se pela primeira vez em Portugal. E essa desalavancagem matará sonhos de falsos ricos e realidades de novos pobres. Agora é que começa a provação das PME: muitas empresas economicamente viáveis serão financeiramente insuportáveis.

O OE foi destronado pelo PEC que foi anulado pelo Programa de Austeridade que ainda há-de ser alterado. Os impostos são definitivos (o próprio ministro das Finanças aceita que se manterão após 2011) mas os cortes na despesa são duvidosos, provisórios e contornáveis (ao contrário dos de Espanha).

Isto não fica por aqui. Isto começa aqui
."

Pedro Santos Guerreiro

2 Comments:

Blogger pvnam said...

---> A superclasse mundial (Banca Mundial, Grandes Corporações Multinacionais) tem em vista um Neofeudalismo... consequentemente, fomenta a destruição/dissolução das pátrias, das tradições autóctones, promovendo o nascimento de um mestiço desenraizado e fácil de escravizar...


---> IDIOTAS ÚTEIS ao serviço da superclasse:
A ESQUERDA - a Esquerda também apanha boleia no barco da destruição de tudo o que é tradicional... embora o seu objectivo seja outro -> o objectivo da Esquerda é reinventar o homem, o derradeiro homem, um homem novo, aquele que chega ao fim da História.
O ECONOMISTA IDIOTA - o economista idiota faz a promoção do crescimento do PIB à custa do consumo interno e dos empréstimos externos... quando a corrida do crescimento do PIB bater na parede, ou seja, quando a torneira dos empréstimos externos for fechada, já os maiores activos do país terão sido conduzidos para os mega-capitalistas mundiais (e o Estado com elefantes brancos - não rentáveis - nas mãos).
O IDIOTA SUICIDA - os idiotas suicidas (PNR's e afins) estão à espera que aqueles [a maioria dos europeus] que não se preocuparam em constituir uma sociedade sustentável (média de 2.1 filhos por mulher), e que andaram a realizar negociatas de lucro fácil à custa de alienígenas , se revoltem...

quinta-feira, maio 20, 2010  
Anonymous Anónimo said...

""E dizemos que se os outros países são proteccionistas, também temos de sê-lo. Um credo que, como se vê, nos tem levado longe."

Sr. Pedro Guerreiro, de facto os outros países são proteccionistas, nós pelo contrário gostamos tanto deprodutos estrangeiros que preferimos liquidar o emprego do nosso vizinho comprando produtos espanhóis, logo de proteccionistas NADA TEMOS. Portanto antes de dizer asneiras pense um bocadinho s . f. f. .....

sexta-feira, maio 21, 2010  

Enviar um comentário

<< Home

Divulgue o seu blog!