domingo, outubro 10, 2010

Os bons e os maus mercados e o bom e o mau capital

Porque é que se continua a insistir nas utopias das contabilidades e défices obrigatórios dos estados num mundo onde existem vários tipos de capitalismos e vários tipos de regimes, onde se fazem trocas, embora de vez em quando se fale que este ou aquele país não é democrático, para enganar os bem intencionados, em que a ética do chamado mercado não existe, se é que alguma vez existiu ou irá existir.

O FMI e a OCDE obrigam alguns países a se comportarem bem, como dizem, mas no fundo o mau capitalismo afasta o bom e a aplicação da mesma receita a países tão diferentes como Portugal, a Grécia, a Nova Zelândia, a Irlanda ou a Alemanha, leva a pensar que há outros interesses que não o equilíbrio das contas, mas sim o controlo do mau capital sobre o bom capital.

O Brasil safou-se do FMI porque muita da economia subterrânea entrou no sistema e preferiu não se sujeitar aos ditames do FMI, não digo se foi bom ou mau, apenas falo do que aconteceu e não foi milagre.
O caso da Rússia foi mais ou menos semelhante, a máfia já lá estava durante o regime soviético, só não sabe quem não quer tirar a carraça detrás da orelha.

Vamos então falar de coisas que parecem ser simples e são:
Falemos de custos ambientais.
Se num país, os custos ambientais são tidos como obrigatórios em termos de regime fiscal que obriga as empresas a contabilizá-los nos seus custos, sob pena dos fiscais radicais do ambiente, as onerarem com pesadas coimas, multas e outras ameaças e se estas empresas são obrigadas a competir num mercado global, com empresas de outros países que não obrigam a esses custos ambientais, os países que obrigam e ameaçam as suas próprias empresas a cumprir essas obrigações e as oneram sob o ponto de vista fiscal, como podem competir então no mercado global? Servem quem os seus governos?
A globalização foi uma situação que serve estados marginais, onde o crime entra na economia com dinheiro sujo, onde não interessa se os regimes são de mais ou menos “santas” democracias, onde não importa que crianças sucumbam antes de deixarem de ser crianças, interessando ao mau capital, como à má moeda, apenas os lucros e assim a sociedade a que pertencemos, apenas consome os produtos, não interessando como foram manufacturados e a que custos éticos, morais ou de liberdade, “santa liberdade”, esquecendo que se deixou de produzir e que há limites que mais tarde ou mais cedo vão ter que ser equacionados, quase sempre através de conflitos muito graves locais ou regionais, provocando a génese das guerras futuras, não apenas pelos recursos naturais mas também pelos mercados.

Os países avançados permanecerão limpos, à custa de outras partes do mundo se tornarem mais sujas.
O capital migrará como migrou, porque de facto o capital não tem pátria.
Acontece dentro da Europa dos mais ricos para os mais pobres e dos continentes mais”ricos” para os mais “pobres”.
Assistimos a que qualquer pessoa bem pensante e crítica do mercado livre global desregulamentado é chamada de ignorante pelos economistas.

Talvez as restrições ao mercado livre global podem não fazer aumentar a produtividade, mas o aumento da produtividade, conseguida a custo da desolação social e da miséria humana é um ideal social que mostra uma doença das sociedades, dos homens e é muito perigosa.

O crescimento das desigualdades no rendimento foram aumentadas com a desregulamentação do mercado de trabalho e pelas políticas fiscais e neoliberais e as novas tecnologias são as causadoras de grande parte do desemprego.
Fico por aqui, para não aborrecer mais os seres bem pensantes.

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