terça-feira, fevereiro 03, 2004

CREDO DO DEVORADOR DE CONFORMISMOS

" "un crime vite, que je tombe au néant de par la loi humaine"
(Rambaud)
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Creio em mim,
Criador de mim e do mundo,
Como minha vontade e representação de mim,
Não creio em mais ninguém e pouco mais
Creio na morte definitiva e sem remissão
Creio que os preconceitos são a origem dos pecados
e que não há, nem bem nem mal.
Mas apenas representações da realidade.
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Creio que a Santa Teresa D.Àvila perderá o namorado antes do fim do século e
que o Papa cairá da cadeira de Pedro para ir vender chuchas para a Via Veneto
Creio nos banjos e nos marmanjos, nos arlequins e nos alecrins
Creio na vinhaça, na sorna, na putice e na potassa como meios de salvação da espécie humana.

Creio que se tivesse rodas seria um vagão J da CP.
Creio que se tivesse muito dinheiro, o deitaria fóra para chamar a atenção das pessoas
e que se não tivesse nenhum, queria tê-lo, só para o deitar fóra.
Creio na reforma agrária no LSD e no Clorozepato dipotássico, vulgo Médipax
Creio no Estaline, no Kropotkine, no Gagarine, no dog-in-cabin e no Alan Krivine.

Creio no Racine, no Lenine, nos Rasputine, no Couraçado de Potemkine, no Veganine, no Eugene Oneguine e no camarada Júlio de Matos como grande educador do Povo Português,
Creio na decadência imanente da civilização ocidental.
Creio na Ressurreição do 3.º mundo e na ascenção aos céus da Miquelina Duarte onde ficará sentada à direita de Baco e à esquerda de Hermes Trimegista.

Creio no Ptolomeu, no Alfa Romeu, na Julieta e no Bartolomeu de Gusmão, inventor do Aeroplão.
Creio na fornicação, no incesto, na luxúria, na gula, na venalidade, na crueldade, no suicídio, no parricídio, no matricidio, no regicídio, no raticídio, na morte da família e na antropofagia.

Creio na mula do Papa, na égua do Severino, na padeira de Aljubarrota e na Rotisserie de la Reine Pedauquê.
Creio no Cisma de Avinhão, no Nestorianismo, no chauvinismo, no catecismo, no atarismo, no revisionismo, no maoísmo no taoísmo, no autoclismo, no behavourismo e nos reflexos condicionados.

Creio nos oligofrénicos, nos neurasténicos, nos psicasténicos, nos inadaptados, nos facínoras, nos ignóbeis, nos nefandos, nos fanáticos, nos cardíacos, porque é deles o Reino dos Céus, e porque são o espelho em que se mira a civilização cristã de consumo.

Creio na indigestão, na obstipação, na rebaixolice, na redução dos impostos e no elefante africano que está quase a patinar.
E deixai vir a mim as criancinhas que eu trato-lhes da saúde.


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