quinta-feira, outubro 28, 2004

Air Luxor Virtual.

"Há poucas semanas atrás, o dr. Paulo Mirpuri, administrador da empresa Air Luxor, deu uma entrevista à SIC Notícias. Numa manobra de aparente antecipação a um documento muito crítico para a administração e subscrito pela maioria dos pilotos desta companhia aérea - e de facto entregue dez dias depois -, aquele personagem veio explicar o que entende ser a realidade e os desígnios da companhia. Numa voz calma, segura e imperturbável e de postura, o dr. Mirpuri veio afirmar uma série de vacuidades, de meias verdades e algumas falsidades, num estilo a que já nos habituou. E fá-lo com o maior despudor, dando a sensação que acredita até em tudo o que diz. Só a ignorância do que se passa na prática ou a conivência pode explicar que este administrador de uma "empresa de sucesso" e outros superlativos, como gostam de se intitular - resta saber à custa de quê e de quem! -, possa passar incólume cada vez que faz uma intervenção pública. Bastaria, aliás, ler, mesmo que superficialmente, o documento atrás citado para que a maioria das afirmações referidas caíssem por terra. E muito mais haveria a dizer.

É evidente também que só as muitas deficiências de funcionamento do INAC, que é a autoridade aeronáutica nacional - que apenas reflectem as mazelas governamentais -, têm permitido uma contumaz infracção das leis com uma impunidade obscena (parece que este termo está na moda...). Não ficaria mal, por outro lado, aos diferentes sindicatos do sector que acordassem da sua letargia, como parece que está a acontecer (bem como outros organismos públicos), sem estarem à espera que "alguém" ponha a cabeça no cepo, isto é, arrisque uma queixa. Só assim pessoas menos escrupulosas pensariam duas vezes em quebrar as regras estipuladas no tal Estado de direito que enche a boca aos nossos políticos encartados. Só assim a administração da Air Luxor mudaria a sua postura de "dona" da companhia (e dos seus funcionários) para a de empresarial com "E" maiúsculo. E que ainda por cima se julga acima do moral e do direito. Um dia destes irão perceber que não é assim
."

João Santos

Público

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