quinta-feira, outubro 28, 2004

Burn.


O legado dos Deep Purple acaba de receber mais uma edição. O álbum «Burn» de 1974 apresenta-se com novas misturas, raridades, lados B e um interessante booklet onde é narrada a história em torno do álbum. O início da década de 70 estava a ser próspera para a carreira dos Deep Purple. O nome da banda ombreava com as bandas mais conceituadas do planeta. Mas como nem tudo numa banda se resume a música, as relações pessoais entre várias elementos da banda estavam no limite do suportável. O período era conturbado e só para citar um exemplo, o vocalista Ian Gillan e o guitarrista Ritchie Blackmore não comunicavam.


Os Deep Purple estavam na eminência de uma urgente mudança na formação. A genialidade de Ritchie Blackmore levava-o a extremismos admitindo por várias vezes que a banda estava acabada. O ano de 1973 seria propício à reformulação através da entrada do baixista/vocalista Glenn Hughes, recrutado aos Trapeze por Jon Lord e Ian Paice num concerto em Los Angeles. Depois de várias abordagens ao vocalista David Coverdale, este acabaria por integrar a banda. Os Deep Purple preparavam-se de imediato para encontrar um rumo artístico para as suas capacidades. «Burn» funcionou como uma ponte inteligente entre a herança rock da banda e a adopção de novas abordagens, nomeadamente ao nível da soul/funk e de aproximações psicadélicas. Para lá de um funk mais que visível no tema «Sail Way» (a entrada deste tema seria recuperada por Lenny Kravitz para a entrada de «Always on the Run»), a a banda apresentava «Might Just Take Your Life» carregada de soul. «What´s Going Here», um blues saltitante e «Mistreated», um blues mais duro, obedeciam ao estereótipo traçado pela banda.


A revisitação a «Burn» traz-nos uma importante obra adornada com algumas raridades, solos perdidos, lados B desconhecidos e fundamentalmente uma potencialização do som analógico. O luxo da edição reluz também no livro que conta em pormenor o enredo em torno deste disco.
Para quem não anda a correr atrás de um ou dois temas clássicos de uma banda e prefere abordar a importância de um disco no seu todo, este relançamento de «Burn» constitui um óptimo cartão de visita para quem não se quer limitar ao «Smoke on the Water».

Pedro Trigueiro

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